domingo, 27 de maio de 2012

Capítulo 10

O jardim por detrás da casa era diferente do jardim da frente. Este jardim tinha uma pequena casa no meio do lago, onde se podiam ver pratos e talheres de prata que brilhavam, devido ao sol. A pequena casa era cor de areia, com uma mesa e 6 cadeiras brancas, muito bem trabalhadas. Nos pilares da pequena casa, elevavam-se roseiras, com grandes rosas brancas e vermelhas, muito bonitas.
Fomos por um caminho de pedras quadradas, até ao meio do lago. Eu sentei-me numa das cadeiras, depois de colocar a minha mala no chão. Erik ficou de pé a olhar os cisnes que se enamoravam.
Levantei-me e fui ter com ele, pois não suportava aquele silêncio. Ele parecia perdido nos pensamentos, olhava para o vazio e não se mexia. Tinha as mãos juntas fechadas num punho, em cima do balcão da pequena casa.
Aproximei-me e coloquei as minhas mãos á volta das dele. Ele pareceu assustar-se, porque não esperava que eu fissese aquilo.
— Eu beijei o teu irmão, mas é a ti que eu amo. Percebido? – Disse-lhe eu.
Não faço ideia porque disse aquilo, mas aquilo que eu sei é que ele pareceu ficar mais feliz com aquele revelação.
Olhou-me com um brilho no olhar que dizia “ obrigada”. Fiquei feliz por ele estar feliz. De repente ele abraça-me, não o recusei, antes pelo contrário, abracei-o com toda a minha força. Antes que eu pudesse evitar comecei a chorar. Chorei tanto, mas tanto, que quando dei por isso, já a camisola dele estava molhada do meu choro.
— Desculpa, pelo que te fiz sofrer. – Disse-lhe eu, ainda a chorar.
— Não faz mal, tu não sabias. – Respondeu-me ele.
— Mas podia ter tentado saber.
Deixou de me abraçar um pouco, mas só o suficiente para me poder olhar. Os olhos dele eram como pedras preciosas, brilhavam tanto que até queimavam.
— Eu amo-te. – Disse-me ele.
— Tu o quê? – Perguntei-lhe eu, ainda meio parva com o que ele disse.
— Amo-te. Amo-te. Amo-te.
— Eu não acredito.
Quando disse esta frase, tive a sensação de um déjà vu. Eu tinha dito esta, mesma frase, no meu sonho.
— Mas é verdade. – Disse ele.
— Prova-mo. – Desafiei-o eu.
— Muito bem, queres provas. Aqui vão elas.
Dizendo isto beijou-me. Beijou-me com tamanha força e paixão, que até me estava a custar estar em pé. O sabor dos seus lábios era igual á cor que os seus lembravam, sabia a mel. Mas aquele mel era muito doce, quente e sólido. A certa altura achei que me ia empurrar até ao pilar e prender no seu abraço caloroso, entre ele e o pilar da pequena casa. Estava felicíssima.
Quando acabou o beijo, ele sorriu-me. O sorriso foi maravilhoso. Ficamos assim até ele me pegar pela mão e me levar para a parte mais longínqua do jardim.
Corremos para baixo de uma amendoeira, era muito grande e bonita, porque estava em flor. As pequenas flores cor-de-rosas, faziam-me lembrar algodão doce, fofinho e delicioso de apreciar.
Deitei-me na relva, de barriga para cima, ele deitou a cabeça em cima da minha barriga. Era bom estarmos assim depois de tudo o que tinha acontecido. Olhei para nos olhos e vi felicidade e muito amor, mas também dor e tristeza. Porque estaria ele triste? O que seria que lhe dói tanto?
— O que aconteceu no teu sonho? – Perguntou-me ele.
— Como? O quê?
— Eu perguntei-te o que é que aconteceu no teu sonho.
— Ah! O meu sonho…pois…o que é que aconteceu…
— Que se passa? Porque tens medo do mo contar?
— É que o sonho é um pouco real e um pouco ficção. E também é de doidos.
— Mas conta-mo na mesma. Quero ouvir, além já faz muito tempo que não ouço uma história.
— Muito bem. Eu sonhei que estava na tua casa com um vestido branco e que tu estavas nas escadas com umas calças pretas e uma camisa branca. Disseste-me quer era perigoso eu estar ali e que eu devia sair dali. Perguntei-te porquê. E tu respondeste-me porque tu eras um…um…um…
— Um quê?
— Vampiro. Disse-te que não podia ser possível porque tu eras a mais querida que existe e depois tu mostraste-me os caninos, muito bonitos já agora. Beijaste-me e fugiste logo a seguir escadas a cima, eu teimosa seguinte até á sala de música ou se baile, ou uma coisa qualquer assim parecida. Eu disse-te que não tinha medo de ti, e tu disseste-me que tinhas medo era: de ti próprio e de me matares. Eu teimosa disse que não me importava e tu acreditaste e aproximaste-te….
— E?
— Acabou. Não sei o resto porque a minha avó acordou-me antes disso. Parecia tão real, mas eu sei perfeitamente que era impossível sê-lo.
— E se fosse real? – Respondeu-me ele.
— Como assim?
— E se existissem vampiros na vida real, que farias? – Perguntou-me ele.
— Eu quereria ser um vampiro, para poder viver para sempre. Mas claro que só o faria se tivesse primeiro o amor da minha vida a meu lado.
— Então já encontras-te o amor da tua vida?
— Sim.
— A sério? Quem é ele?
— TU. – Respondi-lhe eu, enquanto sorria.
Inclinei-me ligeiramente para a frente e dei-lhe um beijinho nos lábios. Depois voltei a sorri-lhe com o meu melhor sorriso e ele retribuiu o sorriso. Enquanto sorriamos um para o outro, começaram a cair pequenas flores de amendoeira. E assim ficámos até vermos a mãe de Erik a chamar-nos para o lanche, estava mesmo há nossa frente.
— Erik Adrian que posturas são essas? – Perguntou a mãe dele.
— Mãe, não te preocupes isto é normal para nós, desde á 30 minutos.
— Como assim, meu querido? – Questionou novamente a mãe dele.
— Nós agora somos namorados. – Disse ele olhando para mim.
A mãe dele deu pulos de felicidade, abraçou-nos dois enquanto nos dava os parabéns por namorarmos. No fim de tudo isto foi andando, eu e ele ficamos para traz. Fomos devagarinho e de mão dada, como dois namorados completamente apaixonados.
Ainda estávamos perto da amendoeira, quando eu vi, exatamente, nos nossos antigos lugares um lobo e uma coruja.
Tanto o lobo como a coruja eram brancos, mas era um branco muito claro, como a neve. Os olhos do lobo eram de um castanho chocolate e os da coruja eram dourados como o caramelo. Era muito estranho, porque os dois animais habitam em climas frios, e aqui o clima era mais quente.
Estava para perguntar a Erik o que se estava a passar ali, quando reparei que tanto ele como a coruja estavam a olhar-se olhos nos olhos. Parecia que estavam hipnotizados um pelo outro, eram completamente arrepiante.
Deixei de olhar para ele, para depois olhar para o lobo branco. O olhar dele era fatal, era tão meigo e inocente, que me apetecia ir ter com ele. Nos seus olhos eu conseguia ver-me, como um se ouve-se um espelho no seu olhar, e também conseguia ver pequenas estrelas, como se tivesse ouro. Eu estava fascinada com tudo aquilo.

Capítulo 9

— Deves ser o Rodrigo? – Perguntei sem ter a certeza.
— Sim, sou. Porque queres saber? – Respondeu-me ele, num tom querido e tímido, mas ao mesmo tempo firme.
— Bem, é que eu vi com o teu irmão, mas pelo caminho perdi-me. Depois dei com a biblioteca, e pensei em entrar, encontrar um bom livro e ler, até que me encontrassem.
— Fizeste bem, a casa é muito grande, por isso, é muito fácil perderes-te. Disses-te que vieste com o meu irmão, portanto tu deves ser a Cristiana, certo?
— Certo. Como sabias o meu, nome?
— E tu como sabias o meu?
— Erik! – Dissemos nós ao mesmo tempo.
Rimo-nos um pouco. Descobri que o riso de Rodrigo era exactamente igual á de Erik, feliz, amoroso e reconfortante.
— Foi divertido. – Comentou ele.
— Sim, pois foi. Que andas á procura?
— Do meu romance preferido, “Drácula” Bram Stoker.
— Gosta do Drácula?!
— Sim, porquê tu não gostas?
— Estás a gozar, é altamente. Já a ultima versão do filme do Drácula?
— Bram Stoker's Dracula, 1992? Sim, estava muito bom.
— Concordo plenamente. A propósito o livro está aqui. – Apontando com o dedo, para o livro que estava na prateleira á minha frente.
— Obrigado, madame.
— Não têm de quê, cavalheiro.
E voltamos a rir. Ele tirou o livro da prateleira, e depois convidou-me para me juntar na mesa do fundo. Sentei de frente para ele, em cima da mesa ele tinha imensos papéis sobre vampiros, papéis como: NO MUNDO DOS VAMPIROS, O Mito do vampiro, Drácula. Também havia muitos livros sobre esse tema, tais como: o manual prático do vampirismo de Paulo coelho, Livro de Nod, Voiode, entre outros. Mas o ele tinha mais sobre a mesa era romances vampíricos, eram catorze romances diferentes, sem contar com o Drácula: Alma e Sangue - O despertar do Vampiro, Paixão Eterna, Marcada, Crepúsculo, Cárpatos 4- Magia Negra, O Beijo Eterno, Por Toda a Eternidade, Sangue e Sexo, Não Há Tranquilidade para o Malvado, Laços de Sangue, Diários do Vampiro, Entrevista com o Vampiro, Academia de Vampiros e Sangue Fresco.
— Uau! Para que é tudo isto?
— É que eu estou a fazer um trabalho, para mim, sobre o vampirismo. E pretendo ler tudo isto novamente.
— Fixe. Posso dizer uma coisa?
— Sim, claro. O que é?
— Todos os livros e documentos que tu aqui tens já eu os li.
— Todos? A sério?
— Sim, é que eu amo ler. E quando é romances ainda gosta mais, se tiver vampiros juntamente ainda melhor.
— Também gosto muito de ler, e se tiver amor e vampiros pelo meio ainda gosto mais. Que giro temos muito em comum, já vistes?
— Sim. Olha passas-te a ser um dos meus três melhores amigos, isto se tudo quiseres ser meu amigo?
— É claro que quero ser teu amigo, e já agora, tu passas-te a ser a minha única e melhor amiga. Só uma coisa, trata-me por Rodrick
— Obrigada pelo privilégio.
— Importas-te que eu trabalhe a quanto tu ficas a olhar para mim e a ajudar-me?
— Mas é claro, que não me importo.
Rodrigo começou a trabalhar no seu trabalho, enquanto eu olhava para ele, como ele me havia pedido. Ele tinha uma postura calma e descontraída, o contrário do Erik, estava muito concentrado. Escrevia devagar e com uma letra impecável. A certa altura deixei de olhar para a sua letra, comecei a olhar para a sua face. Era branca e suave, tinha uns lábios cheios e prefeitos, como se tivessem sido esculpidos por um artista. Acabei por me perder nos lábios e a imaginar como seria beijar aqueles lábios carnudos. Sem eu dar por isso, Rodrick deixou de escrever para me olhar. Olhou-me nos olhos, e eu vi-me num campo verde cheio de flores ao pôr-do-sol. Aproximou-se de mim, para depois me beijar. Os seus lábios eram tão suaves e ardentes. O beijo foi doce, carinhoso e romântico, como o beijo de dois apaixonados.
Levantámo-nos ao mesmo tempo, para a seguir nos juntámos num forte abraço e nos beijarmos novamente. Mas desta vez o beijo, foi mais ardente como o fogo, mais possessivo e muito mais louco. Senti-o puxar-me mais para si, como forma de dizer que tão cedo eu não sairia dali. Depois ele parou de me beijar, para me poder olhar nos olhos.
— Não te deixarei sair daqui tão facilmente. – Disse-me ele ofegante.
— Mas quem te disse que eu quero sair daqui. – Respondi-lhe eu.
— Ainda bem que não queres.
Depois de dizer isto, voltou a beijar-me. Enquanto nos beijávamos, apercebi-me que ao mesmo tempo íamos caindo de joelhos no chão envernizado da biblioteca. No fim de estás de joelhos no chão, começamos a deitarmo-nos. Ele ficou por cima de mim, com as suas mãos nas minhas costas a abraçar-me, enquanto que eu abracei-o pelos ombros. Ele beijava maravilhosamente bem, e eu não queria que ele me deixasse de beijar assim. Puxei-o, pela camisa creme, mais para mim. Ficámos assim um bom bocado, até pararmos de nos beijar.
Começamos a nos levantar. Ele conduziu-me até uma poltrona vermelha sangue, onde ele se sentou e eu sentei-me no seu colo. Encostei-me para trás e coloquei a cabeça sobre o seu peito forte, ele colocou os seus braços á minha volta.
— És incrível, sabias? – Comentou ele.
— Não, mas passo a saber.
— Quero que saibas que aquele não é o meu comportamento normal.
— Eu sei, aquele também não era o meu.
— Mas não parecia.
— Igualmente.
— Afinal já não te quero como melhor amiga.
— Não? Como assim, estás a acabar a nossa amizade? Fala, estás a dar cabo de mim!
— Eu não estou a acabar a nossa amizade.
— Então que estás a fazer? Explica.
— Eu não te quero como amiga, mas sim como namorada, aceitas?
— Eu …eu … eu … Não sei. Acabamos de nos conhecer, e eu não sei nada a teu respeito.
— Se preferires o nosso namoro pode ser secreto e se queres saber tudo sobre mim, eu digo. Digo-te tudo. O que é que achas?
— Assim é capaz de haver salvação.
Estendi-me e dei-lhe um pequeno e rápido beijo nos lábios. Mas ele fez com que o beijo passasse a ser um beijo grande e demorado.
— Aproveitador. – Acusei-o eu.
— Quem? Eu? Não, não deve haver aí um pequeno erro. – Defendeu-se logo ele.
— Estás a ser irónico, certo?
— Não, errado.
— Então se não és aproveitador, o que és afinal?
— Eu sou um rapaz loucamente louco por beijar os lábios da sua nova namorada, que acabou de conhecer.
— Hum. E talvez a nova namorada queira ser beijada.
— E talvez ela seja mesmo beijada, e muito mais.
— Atrevido! Me beija, agora. Se apodere da minha boca.
— Nem precisas de dizer duas vezes.
E apoderou-se dos meus lábios. Dei a volta no seu colo e sentei-me de frente para ele, ele aproveitou e desceu as mãos até às minhas ancas, eu pôs os meus braços á volta do seu pescoço. Uma das suas mãos moveu-se por dentro da minha camisola, e subiu até ao meu soutien. Os meus dedos enrolaram-se no seu cabelo loiro, puxando-o mais para mim, fazendo com que o meu peito choca-se com o peito dele. Por entre os beijos eu ouvi-o gemer, como se aquilo lhe um prazer incalculável.
— Mais, querida. Eu quero mais. – Murmurou ele, pelo meio.
Senti que ia explodir de fogo, vi que ele senti-a o mesmo. Antes que eu pudesse fazer alguma coisa, ele tirou a sua camisa creme, e foi aí que eu vi a coisa mais bonita que até á aquele dia tinha visto. Todo o seu peito era músculos, fortes, quentes, sensuais, e doces parecia que tinha sido esculpido, eu não conseguia explicar, mas posso tentar.
Era tão musculado como um super herói, tão quente como o fogo, tão sensual como uma rosa e tão doce como o chocolate.
— CRISTIANA! – Olhei para trás e lá estava ele, o Erik.
— Erik, isto não o que parece. – Apresei-me a explicar.
— Não, mas é claro que não é. Eu não estou a ver a minha melhor amiga enrolada aos beijos com o meu irmão.
— Por que é que te estás a preocupar, eu já sou crescidinho. – Meteu Rodrick, para me defender.
— Não, não és nada crescidinho.
— Ah, não. Vamos descobrir.
— Vocês os dois nem pensem em ir lutar, porque eu não o permitirei.
— Não precisamos da tua permissão. – Respondeu logo Erik.
— Escusas de ser arrogante.
— Não te preocupes eu não irei lutar, se assim desejares. É isso que desejas?
— Sim, não quero que se magoem, principalmente por uma pessoa insignificante como eu.
— Tu não és insignificante para mim. – Disse Erik.
— Nem para mim. – Retorquiu Rodrick.
— Não para vocês, mas para mim própria.
— Tu tens uma grande falta de auto-estima. – Disseram os dois.
— Eu sei. Erik peço-te desculpas pelo que aqui aconteceu. Desculpa.
Levantei-me do colo do seu irmão, com a cabeça para não olha-lo nos olhos. Se o olha-se nos olhos agora, acho que não conseguiria evitar de chorar. Como é que eu pude fazer uma coisa destas, principalmente a ele? Como? Se eu fosse ele, nunca mais olharia para mim ou se meu amigo. Era o que eu merecia.
— Estás desculpada.
Já estava a descer as escadas, quando ele disse isso. Parei a meio das escadas, para depois olha-lo. Fiquei paralisada, estavam os dois lado a lado a olharem para mim, não sabia qual deles dois o melhor. Eram os dois bonitos, inteligentes, sensuais, doces, amorosos e queridos. Ambos quando os olhei sorriram, devo ter corado, porque eu senti-a as minhas bochechas a ferver.
— Obrigada. – Respondi-lhe eu, como um tom calmo.
Depois de lhe responder, virei-me e continuei a descer as escadas até chegar ao último. Reparei que Erik também virara, mas para o seu irmão.
— Veste-te e depois vem ter connosco ao jardim. Vamos comer lá fora, porque está bom tempo. Despacha-te!
— Sim, meu capitão.
Ri-me da situação. Já no piso de baixo, olhei para cima e vi Rodrick gozar com o irmão, enquanto este descia as escadas para vir ter comigo. O meu namorado secreto era um máximo. Sem o irmão ver, claro, mandou-me um beijo, e eu fingi que o apanhava.
— O que é que estás a fazer? – Perguntou-me Erik.
— Quem? Eu? Nada.
— Então mete-te á minha frente, que é para eu ter a certeza que desta vez não te perdes.
— Obrigada, pela ajuda.
Peguei novamente na minha mala, e saí da biblioteca com Erik a trás de mim. Fomos calados um bom bocado do caminho. Saímos do corredor para o extenso jardim, por umas portas de vidro, que vinham do chão e iam até ao teto.
Erik tinha razão, havia um sol maravilhoso cá fora, estava calor e passava uma aragem fresca, para refrescar.
— Porque me fizeste isto? – Começou ele.
— O que é queres dizer com isso?
— Primeiro dizes que me amas e depois vejo-te aos beijos com o meu irmão. Afinal que raio de amor é este?
— Eu não te sei explicar. Eu amo-te de verdade, mas naquele momento, o teu irmão é que lá estava. Foi por isso que é que eu estava nos braços do teu irmão, eu estava assustada e a entrar em pânico, quando o teu irmão me ajudou.
— Mas ajudou-te de uma maneira imprópria. Eu é que lá deveria estar, não ele.
— Como assim, tu é que lá devias estar?
— Por eu é que te vi primeiro, por isso, tu és minha.
— Tua? Tua, nada. Eu sou, é do meu pai e da minha mãe.
— Até aí já eu tinha chegado. Peço-te desculpas por ter sido arrogante contigo ainda á pouco.
— Não faz mal, estás desculpado.

Os 2 rapazes do livro

Rodrigo Adrian


Erik Adrian


sábado, 19 de maio de 2012

Capítulo 8





Saímos para sala e fomos logo para o portão. Pelo caminho a única coisa em que eu pensava era, a resposta da minha avó em relação á “ visita ” a casa dos pais do Erik.
Fomos a minha casa, passei pelo portão, deixei a mala em cima do sofá e depois fui lá dentro buscar o meu telemóvel para falar com o pai. Falei-lhe que ia a casa dos pais do Erik fazer uns trabalhos, ele a princípio não achou piada nenhuma, mas depois lá me deixou ir. Voltei á cozinha, ele veio atrás de mim.
― Avó este é o Erik, Erik esta é a minha avó.
― Muito prazer. – Começou ele.
― Avó, eu queria saber se podia ir para casa do Erik fazer os trabalhos?
― Falas-te com o teu pai?
― Claro, ele a princípio não achou piada nenhuma sobre eu ir a para casa do Erik, mas depois lá acabou por deixar.
― Ah, obrigada pela parte que me toca. – disse ele.
― Desculpa.
― Não faz mal, estás desculpada.
― Obrigada.
― A que horas voltas? - perguntou a avó.
― Lá para as … - Olhei para ele.
― 6 horas. – Respondeu ele.
― 6 horas? – Olhei para ele e voltei a olhar a minha avó. ― Sim, avó lá para as 6 horas.
― Não chegues depois dessa hora. – Avisou a avó, como sempre.
― Está bem. Se quiseres o pai do Erik pode me trazer, queres?
― Claro, era bom, mas já perguntas-te ao pai dele?
― Ainda não, mas se não der para ser assim o pai pode ir lá buscar-me.
― Erik, achas que o teu me traria a casa da minha avó? – Perguntei-lhe eu, enquanto o olhava.
― Sim, ele traz-te, não te preocupes. – Respondeu-me logo ele.
― Ok. Avó, problema resolvido. É o pai do Erik que vêm aqui pôr.
― Vem comer. – Disse a avó.
― Nem precisas de dizer outra vez. Queres comer alguma coisa?
― Não, mas obrigada.
― Tu é que sabes.
Comi descansada. Erik sentou-se numa das cadeiras perto do lume, que estalava de tão quente. Enquanto comia, comecei a pensar se seria mau começara namorar com um melhor amigo. Quer dizer, era bom e era mau.
Era bom porque já nos conhecíamos, e assim não se perdia tempo a saber tudo um do outro. E era mau, porque a relação de amizade podia deixar de existir ou não, era estranho. Esta opinião depende da mente de cada pessoa, afinal todas as pessoas são diferentes.
Namorar com Erik era fixe e um sonho, mas também era estúpido. Sim, estúpido. Afinal de contas ele era o gajo bom e eu era a rapariga vulgar, como antes havia referido. Mas depois, senti que algo mudaria a partir de hoje, o quê, não sei. Mas iria descobrir.

Eram duas horas quando eu e Erik saímos da minha casa. Subimos a rua, passámos para lá do Cravo, e ainda andámos mais um bocadinho. Às ruas eram meio sombrias, mas as casas eram grandes e coloridas. Casas com jardins enormes, muitas flores e enfeitadas com os melhores e mais bonitos efeitos, por isso casas de gente rica.
Mas todas as casas tinham, exactamente, o mesmo padrão de cores, o mesmo tamanho e a mesma forma, excepto uma. Era a última casa, era maior do que as outras, mais antiga, mas também era a mais bonita. Depois senti que já a tinha visto aquela casa, mas não me lembrava onde.
Pensei, pensei e voltei a pensar. Depois fez-se luz na minha cabeça. Eu tinha sonhado com aquela casa. Era ela, a cabeça do leão na porta, as rosas por toda a parte e a semelhança com um castelo medieval, era igualzinha.
Parei ao portão da casa, Erik fez o mesmo. Se ele me tivesse perguntado se já teria visto aquela casa, eu iria responder que não, afinal eu não queria parecer mais louca do que aquilo que já sou.
― Chegamos. – Disse ele, assim do nada.
― O quê? Quem? – Olhei para ele, sem perceber nada. ― Espera, tu disseste “ chegamos ”?
― Sim. Esta é a minha casa. – E apontou para a casa com que eu tinha sonhado.
― A sério? É que eu já a tinha visto.
― Onde é que tu a viste?
― Eu conto-te quando estivermos sozinhos lá dentro.
― Não, eu quero saber agora.
— Mas …
― Não há mas, nem meio mas. É agora.
— Eu sonhei com a tua casa e contigo. Mas tu estavas estranho, mas bonito. Posso contar-te resto mais tarde? É que isto parece-me de loucos.
— Bem que é de loucos, lá isso é verdade. Mas de certa forma até que é normal.
— O quê? Eu acabei de dizer-te que sonhei com a tua casa e contigo, e tu dizes-me que é normal?!
— Sim é normal, pois tu não és a primeira rapariga a dizer isso. Só por curiosidade o que é que aconteceu? No sonho, claro.
— Tenho me dizer?
— Sim, antes que perguntes. Não, não há escapatória possível.
— Bolas! Muito bem, que seja. Eu conto-te o que aconteceu, mas teremos de estar sozinhos e não podes contar a ninguém, nem á tua família. Entendido?
— Sim, capitão.
— Preparar, esquerda, direita, esquerda, direita. – E começamos a brincar aos soldados. — Excelente trabalho, soldado.
— Obrigado, capitão.
Ele abriu-me o pequeno portão de ferro, e depois desviou-se para que eu pudesse passar.            Quanto entrei senti-me a voar, como se não ouve-se chão e eu estivesse a flutuar no ar.
O jardim era lindo, cheio de flores de todos os tipos: dálias, malmequeres, lírios, cameleiras e principalmente rosas, de todas as cores e tamanhos. A relva tinha sido cortada, parecendo uma nuvem gigante, fofa verde no chão. As borboletas pousavam nas flores, os pássaros voavam e cantavam, as abelhas polinizavam.
Existia uma mini-escadaria que dava para a porta da casa, a escadaria era feita em pedra e á sua volta crescia heras. Em cada canto da escadaria, viam-se vasos com pequenos amores-perfeitos a desabrochar, lindos e de todas as cores (amarelos, violetas, brancos, pretos e vermelhos).
 Subi a escadaria, lentamente, para puder apreciar melhor a paisagem. Havia ao fundo um lago, onde nadavam cisnes, peixes e rãs. Era maravilhoso, pois podia-se ouvir as rãs coaxarem.
A casa era feita também de pedra, mas muito mais antiga, tinha janelas com arcos ao estilo gótico, a porta tinha a tal cabeça de leão. A casa era lindíssima. Haviam sido colocados vasos de flores às janelas. Por cima da porta existiam dois dragões, cujas caudas se união e no centro havia um brasão. O brasão era um escudo no fundo, com uma águia a segurar a cada ponta uma espada, era magnífico. Erik bateu á porta, e esperou um pouco, logo a seguir alguém respondeu:
— Já vai, só um momentinho
.
Ele olhou para mim e eu olhei para e depois desatamos a rir. Rimos tanto, mas tanto que tivemos de nos abraçar um ao outro para não cairmos no chão. Olhávamos um para o outro envergonhados. Eu baixei a cabeça, para que ele não visse a minha cara ficar rosada. Ele agarrou-me o queixo, e levantou-me a cabeça para me fazer olhá-lo nos olhos.
— Não te escondas de mim. – Olhando-me nos olhos.
— Porquê? – Perguntei eu a ele.
— Porquê o quê?
— Porque me tratas assim, com carinho e amor, nunca ninguém me tratou assim até hoje. Lá na escola, só me chamam é nomes, nem toda a gente o faz, mas uma grande parte sim. Porquê?
— Porque para mim, todas as mulheres merecem ser tratadas com respeito, independentemente, da idade, beleza, ou qualquer outra razão.
— Oh! Isso é por respeito. – Enquanto lhe ia dizendo isto, comecei a fazer cara de chateada.
— Sim. – Depois levantou a sobrancelha, como se tivesse visto alguma coisa de estranho. — Tu estás bem?
— Mas tu és parvo, estúpido ou idiota? É que só podes, para ainda não teres percebido.
— Como? O que é que eu ainda não percebi?
— Eu… eu … eu…
— Tu…
— Eu te amo. – Disse eu muito baixinho.
— O quê?
— Eu te amo! Pronto está dito.
Ficou espantado, os seus olhos aumentaram e a sua boca abriu-se fazendo um O. Depois de um tempo assim, os olhos diminuíram e na sua boca formou-se um sorriso caloroso e acolhedor. Estávamos tão bem assim, corpos juntos, cabeças próximas e braços na cintura. Era capaz de ficar assim da minha vida, mas…
— Olá, interrompo alguma coisa?
Olhei para trás de mim, e lá estava uma mulher lindíssima. Tinha cabelos cor de mel, e uns olhos brilhantes verdes esmeralda, era magra, alta e esbelta. Tinha um vestido lilás, o vestido dava-lhe pelos joelhos e tinha um decote em barco. Era um vestido muito bonito.
— Não, mas é claro que não, mãe. – Respondeu ele, já eu demorara muito a responder.
— Mãe? – Perguntei eu a ele espantada.
— Sim, é a minha mãe.
Olhei para a mãe dele ao mesmo tempo que saia dos braços quentes e reconfortantes de Erik.
— Desculpe, é que aqui o tonto do seu filho não me soube apresentar ninguém, e é por isso que eu não sabia quem era a senhora.
— Tens toda a razão, o meu filho é um tonto, mas é um adorável, não achas querida?
— Sim, é um tonto, mas também é um adorável. Já agora chamo-me Cristiana, mas se quiser trate-me por Cris.
— Eu chamo-me Rosemarie, mas a menina trate-me por Rose. Querem entrar?
— Sim, claro Rose.
— Então entrem e vão para o quarto do Erik, que já vos vou lá levar um lanchinho.
Entrarmos para dentro de casa. A casa era enorme. O hall de entrada estava pintado de verde mentol, com alguns quadros nas paredes. A sala, era toda mobilizada por móveis antigos e detalhados, os sofás vermelhos eram de veludo, a parede era creme e o tecto, bem o tecto… No tecto da sala estava pintado um anjo enorme, com uma espada numa mão e um escudo, no escudo estava representado uma águia, mais propriamente Fénix. Fiquei um bom bocado a olhar para o anjo, era espectacular.
— Vais ficar aí o resto da tua vida? – Perguntou-me ele, para ver se eu acordava daquele transe.
— Hum… - Respondi eu ainda meio parva. – Não, não vou ficar aqui o resto da vida.
— Então anda.
Segui-o pelo corredor, pintado com imagens de paisagens incríveis, praias, campos de flores, pores-do-sol, etc. Eram tão prefeitas, que até pareciam reais. Estava tão distraída com as pintoras, que nem reparei que já não vi-a o Erik em lado nenhum. Comecei a correr e ver nas infinitas portas, não o conseguia encontrar, sentei-me no chão de mármore branco. E se ele nunca mais me encontrasse ou pior. Então comecei a entrar em pânico e sentir medo. Sentia-me como uma criança pequena tem medo do escuro. Não sabia o que fazer. Talvez eu devesse começar novamente a procurar o Erik. Não deixaria o medo apoderar-se de mim, afinal de contas eu era uma mulher ou era um rato. Era capaz de ser um rato, pequenino e cheio de medo, mas ainda assim tinha de ter coragem.
Levantei-me, e comecei a fazer o mesmo percurso que tinha feito de volta, pelo caminho eu ia espreitando as diversas portas do corredor. Quarto, quarto, quarto, escritório, escritório, escritório … Era sempre o mesmo “quarto” e “escritório”, até chegar a uma porta que me até á biblioteca. Entrei na biblioteca, pintada de cor-de-laranja claro, tinha duas mesas tão grandes que em cada uma havia oito cadeiras. As prateleiras eram de madeira cara, e existiam dois pisos, as escadas eram ao meio, dando á biblioteca, no piso superior, a forma de U. Reparei que os livros estavam organizados por tipos de livros.
Tirei a mala das costas, e pu-la no chão perto da porta. Comecei, a ver os livros, havia de todos os tipos, desde artes a musica, ciências a tecnologia e de matemáticas a literaturas. Fui directamente a literaturas, que ficava no piso de cima, subi as escadas devagar e a descansa, mas assim que cheguei ao último degrau vi alguma coisa a mexer-se. Fui muito devagarinho, para perto do rapaz, pelo que eu era. Depois parou de se mexer, e aí aproveitei para ver quem era. Era alto como o Erik, mas este tinha cabelos loiros, estava sentado no chão á procura de um livro. Depois sem aviso levantou-se e olhou para mim. Tinha olhos verdes esmeralda, com um pouco de dourado misturado. E foi aí que me lembrei de que era o rapaz giro.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

O trailer do livro

Eu sei que é muito cedo para mostar o video do livro, por isso vou apenas mostrar uma parte...

Espero que tenham gostado.
Capítulo Seis
Não lhe dei tempo de me perguntar onde eu ia, pois já sabia que acabaria por ficar ali, e eu não queria isso. Saí do bloco. Já cá fora, olhei para a janela do Bloco D e vi ele olhar-me. Estava sério e um pouco preocupado. Desviei o olhar, não era a ele quem eu precisava, eu precisava era da Vanessa. Pensei onde ela poderia estar. Deveria estar no campo. Atravessei a escola, e fui para o campo.
Acenei-lhe, a pedir-lhe que viesse ter comigo, ela veio logo. A Vanessa é uma das melhores pessoas que até hoje conheci, têm cabelos loiros acastanhados, olhos castanhos e é um pouco rechonchuda. É a minha melhor amiga deste o 1º ano, é querida, tonta e divertida.
Chegou ao pé de mim, e disse-me olá, mas eu estava tão mal, que assim que ela me perguntou o que aconteceu eu abracei e chorei.
— Queres contra-me o que aconteceu?
— Sim. – Disse-lhe ainda a chorar.
— Então vamos sentamo-nos nos bancos, e depois tu dizes-me o que aconteceu, está bem?
— Está bem.
Já sentadas, ela olhou-me, e percebeu logo por causa de quem, é que eu estava assim.
— Foi ele, não foi?
— Ele, quem?
— Tu sabes de quem é que eu estou a falar. Agora diz-me, foi ele?
— Sim, foi ele.
— Que te fez ele, para te deixar assim?
— Eu conto, mas não podes contar nada a ninguém. Juras?
— Juro.
Comecei a contar-lhe que antes da aula ele me tinha dado uma rosa, inclusive me tinha dito que eu era como a rosa. Depois contei-lhe que nos tinham fechado dentro da sala, e que por causa disso eu e ele tinha-mos beijado. Ela achou interessante a parte do beijo, pelo que me perguntou como tinha sido.
— O beijo foi tanto quente, apaixonado e faminto.
— A mim parece até agora só coisas boas. Por isso, não percebo porque choras.
— É que depois disso, ele pediu-me desculpas pelo beijo. E deu a entender que o beijo não significava nada, percebes?
— Sim. Ah, então era por isso que tu estavas a chorar?
— Sim, foi por causa disso que eu estava a chorar.
— Acho é boa altura para mudar-mos de assunto.
Fala-mos sobre como seria ir de férias de Natal, o que queríamos de prendas, o que levaríamos vestido, etc. Com isto tudo, esqueci-me completamente do assunto “Beijo”. Tocou para a entrada, perguntei para que bloco ela ia, ela respondeu-me que ia para o bloco B. Como eu ia também para lá, fomos as duas juntas para as aulas. Bati á porta para entrar, pedi desculpas á Prof. de Inglês pelo atraso, depois fui-me sentar. A Prof. de Inglês era uma pessoa altamente, têm cabelos castanhos arruivados, olhos verdes e usa óculos, é alta e magra, e também é bonita.
Tirei as coisas de inglês, e enquanto as tirava olhava Erik. Ele olhava para mim, com um olhar de cachorrinho mal morto. Com aquele olhar ficava mais bonito e adorável do que o normal, só me apetecia era …beijá-lo. Então voltou-me á cabeça o assunto que eu tentara esquecer durante o intervalo. Voltei-me para a frente e tomei toda a minha atenção á aula. Falámos de comida saudável e exercício físico. Ouvimos algumas regras de alimentação e depois fizemos uma tabela, para mais tarde nos ajudar a aconselhar alguém do que deve ou não comer. Foi muito divertido.




O juramento

Tocou para a saída, mas como sempre eu sou a ultima a sair, Erik esperou por mim á porta. Não percebi do que é que ele estava á espera, mas se esperava que eu começasse a falar com ele, ele que esperasse sentado. Saí da sala, sem lhe dirigir a palavra, mas ele mesmo assim veio atrás de mim, como um guarda-costas. Fui para o campo e sentei-me nos bancos grandes ao canto, ele fez o mesmo. Reparei que queria dizer-me algo, mas que estava há espera da hora certa ou das palavras certas para o dizer.
— Muito bem, fala. Sei que queres dizer-me algo, por isso diz.
Olhou para mim, abriu a boca mas depois voltou a fechá-la, como se voltasse a pensar nas palavras certas. Depois de pensar, falou:

— Quero saber porque saístes da biblioteca triste, e depois na sala não me dirigiste a palavra? – Disse ele com um ar de sério.
— Porque… - Olhei para ele e pensei: Ele  precisa de saber. — Não sei te devo dizer a verdade ou mentir-te. O que tu preferes?
— A verdade, sempre.
— Bem, eu saí da biblioteca assim porque…fiquei triste de o beijo não ter significado nada para ti. Quando aquele beijo para mim, era ouro. Sabes porquê? – Olhei para
ele nos olhos, bem nos olhos. — Porque até hoje nunca ninguém me tinha beijado, em que situação fosse. Foi por isso que eu saí da biblioteca assim.
— Ok, percebido. E parece estranho que ainda, ninguém, te tivesse beijado até hoje.
— Não gozes. Toda a gente me olha como se eu não valesse nada.
— Eu não acho isso de ti, principalmente de ti. Acho que és uma pessoa muito corajosa, mas preferes não mostrar a tua coragem.
— Tu podes achar isso, mas os outros não o acham.
— E que importam os outros, esqueci-os, pois não precisas deles. Bem vamos falar de outro assunto.
— O quê, por exemplo.
— E que tal, falar sobre a tua ida a minha casa, conhecer a minha família.
— Estou muito entusiasmada.
— Então, já voltamos a ser amigos?
— Claro. Erik posso pedir-te um favor?
— Sim, claro. O que precisas?
— Quero que me prometas, por tudo o que for mais sagrado para ti, que nunca haverá segredos entre nós. Independentemente do segredo, deves sempre contar-me tudo , e eu a mesma coisa.
— Porque queres que eu prometa uma coisa dessas? Achas que eu tenham segredos para contigo?
— Não. Mas é que, ao menos assim saberíamos mais um do outro.
— Muito bem. Eu, Erik Adrian, juro nunca ter segredos para com a minha melhor amiga. Agora tu.
— Eu, Cristiana Teodoro, juro nunca ter segredos para com o meu melhor amigo.
— Diz-me uma coisa? Ainda estás chateada comigo?
— Não. Mas gostava que tu percebesses que eu, às vezes, fico triste com coisas simples, como a nossa discussão.
— Está bem, prometo não me esquecer disso.
— Tenho a certeza que não te esquecerás, mas provavelmente do toque para entrada talvez.
— Como assim?
— Caso não tenhas reparado acabou de tocar para a entrada.
— A sério? Não, não pode ser, eu teria dado por isso.
— Pois, mas desta vez não deste, porque já são 12 horas.
— Então corre para a aula. Vamos.
— Vamos depressa, porque a seguir temos de ir a tua casa para avisar a tua avó de que vais para minha casa fazer trabalhos.
Chegámos atrasados, como era de esperar, mas inventámos a desculpa de que tínhamos ido comer e que o bar estava cheio. Sentámo-nos e toma-mos atenção á aula. Começámos a dar o “ Tesouro” de Eça de Queirós. Demos o conto e depois tivemos de inventar uma notícia sobre o conto.
Enquanto metade de mim tomava atenção á aula, a outra metade estava a pensar. Será que a avó deixava? Sim ou não? Se disse que sim, como seria a casa e a família dele? Seria uma casa grande ou pequena? Moderna ou antiga? A certa altura deixei de pensar nisso. Eu tinha de ser optimista e pensar que iria vê-la.
— Vamos começar a escrever. Escreves tu ou escrevo eu?
— Escrevo eu e tu ditas, boa?
— Boa.
Escrevemos, brincámos e rimos daquilo que escrevia-mos. Depois de escrita a notícia, eu fui ter com a Prof. para lhe mostrar se estava bom. Ela disse que, sim estava muito bom. Voltei a sentar-me e comecei a tagarelar com Erik.
— Como são os teus pais? – Perguntei-lhe eu.
— A minha mãe é uma querida e gosta de toda a gente. O meu pai também é um querido, mas também é um pouco vingativo.
— Porque dizes que o teu pai é um pouco vingativo?
— Porque se alguém tentar fazer mal á sua família, ele arranja logo maneira de se vingar dessa pessoa.
— Já me descreves-te os teus pais, mas como é que o teu irmão?
— Ele é um doido e um divertido, mas também é sério quando é necessário. Adora partir corações e praticar futebol.
— Uau! Ainda bem que tu és do Benfica.
— Porque dizes isso?
— É que se fosses do Porto, o meu iria odiar-te o resto da vida, por seres tripeiro.
— Reparei que tu falas da tua mãe como se ela tivesse sido a pior coisa que te aconteceu na vida. Mesmo de tantos anos ainda achas isso, porquê?
— Porque eu nunca me conformei com aquilo que aconteceu, pois para mim aquilo não fazia, nem faz, sentido o que aconteceu.
— Porque, para ti, isso não faz sentido?
— 1º Porque nós sempre fomos uma família feliz, nunca ouve grandes discussões ou brigas, nunca; 2º Porque o meu pai nunca lhe fez mal, gritou com ela ou até mesmo lhe levantou a voz, as discussões eram sempre resolvidas pacificamente; e 3º O meu pai não merecia, sempre trabalhou para nos sustentar, nunca íamos de férias para podermos poupar algum dinheiro e muito raramente passeávamos para podermos passar mais tempo em família. E é por isso que, para mim, que o que aconteceu não faz sentido algum.
— Bem, eu não conheço o teu pai, mas pela maneira como o descreves parece ser uma pessoa com bom coração.
— Sim, ele tem um grande coração, mas prefere não o usar muitas vezes, pois tem medo de se enganar na escolha e ser traído novamente pela pessoa que ama. E além disso tem um humor fantástico.
— Agora tenho vontade de conhecer o meu pai, para ver se o que dizes é verdade. – E piscou-me o olho, como forma de brincadeira.
— O que vou ver quando for a tua casa?
— Vais ver o salão de música, a biblioteca, a sala de estar, o jardim, a varanda do jardim, o meu quarto …
— O teu quê?
— O meu quarto, onde julgavas tu, que nós iríamos trabalhar.
— Na biblioteca.
— Não. Além disso, da janela do meu quarto, pode-se ver o lago, com cisnes, peixinhos e rãs.
— Ah, ah, ah! A sério, rãs?
— Sim, rãs.
— Cisnes, são animais lindíssimos, e além disso são animais que simbolizam o AMOR. Acho maravilhoso acordar, olhar a janela e ver cisnes logo de manhã.
— Pois são. Já agora qual o teu animal preferido?
— Tubarão branco.
— O meu é o tigre branco ou o leopardo.
— Oh! Que fofinho! Também gosto de tigres e leopardos, mas o meu preferido é mesmo o tubarão branco.
— Normalmente as raparigas gostam é de focas, gatinhos, golfinhos, mas tu és diferente gostas de animais mortíferos. Fora esse, quais são os animais que gostas?
— Lobos, cobras, aranhas, gatos cães, morcegos, e … não me lembro de mais nenhum.
— Lobos? Cobras? Aranhas? Morcegos? A sério?
— Sim, a sério.
— Cães e gatos ainda se percebe. Mas lobos, aranhas, cobras e morcegos é … é… de doidos.
— Eu sou doida.
— Isso sei eu.
— Muito obrigadinha.
― De nada.
― Não se afoga.
― Tens umas piadas muito giras.
― Herança do meu querido pai.
Enquanto falávamos, toca para a hora do almoço. Tudo arruma e devolve as coisas emprestadas, o silêncio de antes transforma-se na feira.
― Lemos as notícias para a próxima aula. – Disse a prof.

segunda-feira, 16 de abril de 2012

capítulo 5

Antes de mais, quero pedir que depois de lerem me deixassem um comentário. Depois quero pedir também que não fiquem a pensar "coisas" depois de lerem este capitulo. Queria que soubessem também que este foi um dos capítudos mais complicados de escrever. Obrigada e bjs para todos.


Cheguei á escola, estive uma surpresa. Erik estava ao portão com uma mão atrás das costas e outra a acenar-me. O que estaria atrás dele? Eu não faço ideia mas vou ter de descobrir. Depois lembrei-me do sonho, “Um vampiro, um nosferatu.”. Podia ser possível, isso explicaria como é que ele convenceu a prof, assim do nada. E também explicaria de onde é que veio toda aquela força e poder. Tentei olhar para trás das suas costas, mas era impossível. Ele era muito grande, até demais, pelo menos agora.
— Olá! O que tens atrás das costas?
— Uma coisa.
— Humm. Tanto mistério, o que é afinal.
— Uma prenda.
Devagar e elegantemente tirou o braço detrás dele, e mostrou-me na sua mão uma rosa. Uma rosa cor-de-sangue, ainda fechada, poderia ser uma simples rosa uma certas pessoas, para mim era especial. Brilhava como uma gota de sangue ao sol e era linda, uma rosa que para uma mulher significava muito. Pois era assim que em outras décadas se mostrava a uma mulher que a amava ou que a achava especial. Eu gostava de receber uma assim, um dia. São tão … românticas.
— Uau! É lindíssima.
— Toma, é para ti. – E entregou-me a rosa, aceitei-a, mas estava um pouco desconfiada. Porque haveria ele de me dar uma rosa? Será que me a deu por eu ser sua amiga? Ou será algo mais? Não, era mais por nós sermos amigos do que outra coisa. Mas nós só éramos amigos á 4/5 dias.
— Porque me ofereceste uma rosa? E como sabias que gostava deste tipo de rosas?
— Por te acho uma boa amiga e uma boa pessoa, não que as outras sejam, mas tu és diferente. És uma rapariga que foi cuidada segundo os costumes no tempo da tua avó, e isso é uma coisa rara. E sabia que gostavas deste tipo de rosas porque já me tinhas dito, e também porque és doce e quente, tal como a rosa.
Fiquei envergonhada e espantada ao mesmo tempo. Envergonhada, porque estava corada e porque ele fez-me sentir-me especial, algo que só sentia quando estava em casa. Espantada, porque maneira como disse, com carinho, paixão e sensualidade. Ele deve ter percebido como me sentia, pois se aproximou e me abraçou. Foi um abraço caloroso, amigável e reconfortante.
— Obrigada.
— Não tens de quê.
Afastou-se devagar, muito devagar, como se não quisesse deixar o meu abraço. Convidou-me a entrar na escola, com um gesto tradicionalmente cavalheiresco.
— Primeiro as senhoras.
 Entrei na escola, como ele tinha pedido, e isso tinha-o feito sorrir, mostrando uns dentes brancos como a neve, mas quentes como o sol e uns lábios vermelhos macios, finos e sensuais, tal como tudo em ele era, quente, macio e sensual, tudo gritava: “ Olhem para mim! Olhem para mim!”.
Ele entrou logo a seguir a mim, trazia umas calças de ganga escuras, uma t-shirt branca, que lhe reflectia os músculos, e um casaco de cabedal preto, parecia uma estrela de cinema.
— ¿ Quê vá tener ahora? – Perguntou ele em espanhol, mas num espanhol prefeito, maravilhoso.
— Español. – Respondi-lhe logo, porque não queria parecer uma parva a olhar para o corpo bom dele. Mas acho que foi isso que acabou por acontecer, mas ele não se deve ter importado pois não disse nada.
— Vamos, faltam … 5 minutos para entrarmos.
— Ok. – Comecei a andar, pois não queria chegar atrasada.
— Olha, queria fazer uma pergunta.
Já estava quase a chegar ao bloco B, mas o “ Queria fazer uma pergunta. ”, fez-me parar. Que teria ele para me perguntar? Será que me vai pedir em namoro? Não. Ou será que queria dizer-me que já não queria ser meu amigo? Isso seria péssimo. Mas valia mais saber de uma vez o que era. Virei-me para traz e olhei-o. Olhei para aquele mar de mel, que ele tinha no olhar. Evitei olhar para o seu corpo, porque se olha-se ficaria corada e deixaria de respirar. E isso não podia acontecer. Não agora, talvez mais logo.
— Sim, pergunta. Força.
— Era mais um convite. Queria convidar-te para vires comigo, a minha casa para conheceres os meus pais e o meu irmão. Aceitas?
— Humm. Sim, claro. Mas uma única condição.
— Qual?
— Tens de vir até casa da minha avó para a conheceres e a avisares que eu vou contigo a tua casa.
— Está bem, feito.
Tocou, e nós subimos, quando lá chegamos a prof. ainda não tina chegado. A mala estava pesadíssima por isso eu e Erik fomos lá mete-la dentro. Mas enquanto, nós colocávamos as malas, alguém, por brincadeira ou estupidez, fechou-nos aos dois dentro da sala. De certa forma não era muito mau, fiquei com Erik e não com outro tonto da minha turma. A turma até que é fixe e brincalhona, por isso, afinal poderia me ter calhado qualquer um da turma não importava quem, pois toda a gente naquela turma era boa pessoa, mesmo aqueles que são mauzinhos.
Tenta-mos abri-la, mas nada. Como não podia-mos abri-la, fomos esperar sentados, para não nos passarmos da cabeça. Erik estava muito calmo, já eu não poderia dizer o mesmo. Estava fula, irritada, enervada, a minha vontade era abrir a estúpida daquela porta á mocada, ao murro e á estada. Depois comecei a ouvir vozes, gente a rir. E eu conhecia as vozes, eram as da nossa turma. Deviam estar a rir daquilo que nos fizeram, e isso irritou-me mais.
— Eu juro que dou uma tareia a toda a gente, que está lá fora, a rir-se de nós. – Disse eu já passada com tudo aquilo.
Levantei-me e comecei a andar de um lado para o outro, Erik olhava para mim sem dizer nada, mas podia dizer. Depois de uns minutos a andar assim, ele levanta-se e tenta acalmar-se.
— Têm calma, ou te acalmas ou vais enlouquecer. Não podes sair daqui, por isso acalma-te.
— Está bem.
Podia ter dito, “Está bem”, mas não estava nada bem. Estava a enervar-me com ele ali a ver, ainda por cima. Raios. Tentei sentar-me, mas não era capaz, pois estava muito chateada.
— Pára. Cristiana, chega. Acalma-te, e senta-te porque estar a ver-te de um lado para o outro está a dar comigo em louco, mais do que o normal.
Levantou-se e veio ter comigo e abraçou, com aqueles braços fortes que ele tinha. Coloquei os meus braços á sua volta também e abracei-o, levantei a cara para olha-lo, e vi. Vi os seus olhos brilharem de alegria, pareciam estrelas brilhantes numa linda noite estrelada. Maravilhoso. Magnifico.
Levou uma mão á minha cara e outra ao meu pescoço, eu coloquei uma mão em cada um dos seus ombros. Ele sorriu-me, não foi um sorriso qualquer, foi um sorriso de satisfação e felicidade, devolvi-lhe o sorriso. Então ele puxou mais para si, ficamos colados um ao outro.
Aproximou mais a sua cara da minha, depois aproximou os seus lábios e beijou-me. Foi um beijo forte, apaixonado, ardente, carinhoso e sensual. Sentia-me nos 7 céus, como se aquele beijo me tivesse oferecido assas para eu voar. Era isso que eu sentia, como se estivesse a voar.
Ele abriu os lábios e deixou passar a sua língua, por entre os meus lábios, acariciou-a. A acariciou mutuamente a minha, e isso deu origem um beijo ainda mais forte e faminto que o anterior. Juntámo-nos mais, eu não queria ficar por ali, e ao que me parecia ele também não. A mão dele tinha no meu pescoço desceu pelas minhas costas e só parou nas ancas, eu desci também uma das mãos até ao seu peito. Um peito forte e musculado, um peito de um campeão, de um lutador.
Há medida que o beijo ficava mais intenso, eu ia me derretendo mais por aquele corpo bom. Puxei a cabeça para traz, com o prazer que estava a ter. Ele começa a beijar-me o pescoço, para cima e para baixo. Tal com a sua mão na minha anca, subia e descia. A minha mão que estava no seu peito, também subia e desci-a. Havia em mim uma parte que queria parar, pois não um sítio apropriado, mas a outra parte queria mais, mais e mais. Encostei-me á mesa e sentei-me, ele veio atrás, mas agora tinha as suas duas mãos, uma em cada anca. Então abri as pernas para o deixar aproximar-se mais, depois meti as minhas mãos nas suas costas e puxei-o mais para mim.
— ¿ Pero qué sé está pasando aquí ? – perguntou a prof de espanhol, que estava espantada á porta da sala.
— ¡ Nada! – Respondemos eu e Erik num único.
— Então vamo-nos sentar, e para alguns desaproximarem-se primeiro, e depois vamos tomar atenção ao que vou falar convosco.
 Não tinha percebido que eu e Erik ainda estava-mos juntos e abraçados um ao outro. Saímos dos braços um do outro e fomos nos sentar. O resto da aula não pensei noutra coisa, o beijo. A prof de espanhol, era de altura média, era rechonchuda, tinha cabelos castanhos aloirados, olhos castanhos e era a diversão total dentro de um pessoa.
A prof começou a falar, mas eu não tomei atenção nenhuma, pensava o quanto o beijo tinha sido bom, apaixonante e espectacular. Estava feliz. Mas depois lembrei-me, “Nada”, ele teria dito aquilo para me encobrir ou teria dito porque aquilo não significou nada para ele. Olhei para ele, á primeira vista, vi um rapaz bom com quem tinha andado aos meles e que parecia estar a pensar em alguma coisa ou em alguém, mas depois olhando melhor, ele estava estranhamente sossegado, como se fosse de pedra. Olhei novamente para a prof, não iria estragar tudo, só por causa de um “nada”. Agora a questão mistério: Por que teria ele me beijado?
Vamos às opções.
  1. Pânico.
  2. Medo.
  3. Calma.
  4. Amor.
  5. Amizade.
Eu acho que a opção correcta é … e). Porque não podia ser outra opção? Perguntão vocês, e eu darei um resposta para cada uma.
  1. Ele era uma pessoa calma, nunca entrava em pânico, mesmo quando toda a gente já entrara em pânico. Por isso nunca podia ser esta.
  2. Ele era corajoso e nunca o vi ter medo de alguma coisa. Não era esta a opção a tomar.
  3. Para se acalmar, mas já era uma pessoa calma de nascença. Não, nunca poderia ser esta opção.
  4. Que ele era uma pessoa amorosa era, mas nunca me beijaria por amor, seria loucura. Esta opção seria impossível.
  5. Ele era um excelente amigo, por isso era esta a poção mais conveniente. Um amigo que tinha ido ao ponto de beijar a melhor amiga, só para a acalmar.
Por isso, é que a opção correcta era a e). Tenho pena, que não seja a opção d), essa era maravilhoso se fosse realidade.
Quando voltei á realidade, é que percebi que tinha acabado de tocar para a saída. Arrumei as minhas coisas e preparei-me para sair, levantei-me e fui para a porta, mas sem dizer uma palavra a Erik.
Já estava perto da porta quando umas mãos quentes e macias me impediram. Por instinto olhei para traz, e as mãos quentes e macias que me agarravam eram as de Erik. Tinha no olhar preocupação e estava nervoso, algo que acontecia quando ele tinha que se desculpar de algo a alguém, mas não sabia como o fazer.
— Espera, precisamos falar. – Disse-me ele com calma.
— Falar sobre o quê. Não temos nada para falar.
— Temos sim, não aqui, talvez na biblioteca. Anda. – E levou-me para a biblioteca, sem me dar tempo de protestar.
Saímos do bloco B, atravessamos o espaço da escola e paramos no bloco D, para entrarmos na biblioteca. Na escola existem 4 blocos: A, B, C, e D.
O bloco A é composto por: as salas de música, a sala de EVT, a sala de EV, os laboratórios, as salas de aula e duas casas de banho (raparigas \ rapazes).
O bloco B tem a secretaria, a papelaria, a sala de reunião, as salas de professores, a sala da direcção, o concelho executivo, a sala de ET e as salas de aula.
O bloco é a cantina, que quase ninguém lá vai, e o bar, que é onde a maioria vai almoçar e tomar o pequeno-almoço.
O bloco D, que era onde eu estava, tinha o auditório, as salas de TC, as salas de laboratórios, a biblioteca e as salas de aula.
A escola também tinha um ginásio, campos de futebol, mesas de pingue-pongue e as mesas de comer cá fora, e agora matraquilhos.
Subimos as escadas, pois a biblioteca ficava no andar superior, fomos para o canto mais longínquo para ninguém poder ouvir ou nos vir incomodar. Sentámo-nos frente a frente, pois deve ser assim que as pessoas devem falar, não por detrás das costas. Por isso, quando tivermos um problema com alguém, não devemos pedir a outra pessoa para o dizer a essa pessoa, mas sim sermos nós próprios a dize-lo, cara a cara.
Ele estava cauteloso e nervoso, e eu podia sentir isso, não sabia como começar, se ele não sabia, eu ia dar-lhe uma ajuda.
— Disseste que tinhas de falar comigo, força fala. – Comecei eu.
Ele percebeu que eu estava ansiosa, ao que me agarrou as mãos e começou a brincar com os meus dedos, como sinal de tem calma. E tive, acalmei-me um pouco, mas ainda continuava ansiosa. Ele esperou mais, e depois olhou-me nos olhos.
— Queria pedir-te desculpas.
— Pelo quê?
— Pelo beijo. É que eu nunca me comportei assim, juro pela minha vida. Foi uma situação inesperada. – Baixou a cabeça com vergonha e arrependimento, estampados na cara.
Então ele nunca quis saber do beijo. Ele não estava feliz, nem contente com o beijo e tinha vergonha de o ter dado. Isso deu-me muito, no fundo do meu coração, eu achava que ele era sentimental, mas parece que me enganei. Estava tão triste, que só me apetecia era fugir dali, ir ter com alguém e desabafar. Lembrei-me logo da pessoa certa para isso. A Vanessa, a Nessie.
— Estás perdoado. – Disse-lhe eu enquanto me levantava para me ir embora. Erik levantou logo a cabeça com alegria, beijou-me as mãos, como forma de expressar a sua alegria.
— Obrigada, por me perdoares.
— Não tens de quê. Agora adeus.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Capítulo Quatro

Olhava para ele e tentava desenhar, não ficou muito mau, ficou no meio, quando acabamos, mostramos os desenhos um ao outro, mostrei o meu e ele disse:
― Ficou melhor do que o desenho da última pessoa que me tentou desenhar.
― A sério?! Tu só podes estar a gozar!
― Não, estou. Acredita.
― Esta bem, eu acredito.
— Agora, é a tua vez de mostrares o desenho.
— Não sei, acho que podia ter feito melhor.
— Eu é não sei, ainda não vi o desenho.
— Tu estás ansiosa por vê-lo, não estás?
— Mas é claro que estou, sou eu que estou aí, ou pelo menos é isso que eu acho.
Assim que ele me mostrou o desenho, parecia que eu tinha começado a ver estrelas, a andar, á volta da minha cabeça.
Eu, no desenho, tinha um aspecto de princesa, com cabelos negros sedosos, uma branca, límpida e macia, uns lábios prefeitos, olhos castanhos cor de chocolate, e sem óculos. Achei estranho. Porque haveria ele de me desenhar sem óculos?
— Fizeste-me sem óculos, porquê?
— Porque eu ouvi-te dizer que detestavas ter de usar óculos.
— Ah! Ouvis-te.
— Sim.
Trimmmmm. Tocou para a saída. Arruma-mos as coisas e fomos embora. Já estávamos no portão, quando ele parou, e disse:
— Posso acompanhar-te a casa?
— Claro, Erik. Mas um aviso.
— Qual?
— Se o carro do meu pai lá estiver, tem cuidado.
— Porque?
— Porque ele, tem em casa dele 3 espadas de samurai em casa, e não lá estão só para enfeitar.
— Oh! Já percebi, não te preocupes eu tenho cuidado.
— Então, vamos.
Viemos todo o caminho a conversar sobre mim e ele. Descobri que era do Benfica, que tinha um irmão da idade dele, que se chamava: Rodrigo Adrian. Que tinha cabelos cor de mel, tinha os seus olhos eram verde-esmeralda, e que eles dois tinham a mesma altura (172 cm). Quando chega-mos a minha casa, eu comecei a despedir-me.
— Tchau.
— Tchau.
Depois deu-me um beijo na bochecha, senti um formigueiro na barriga, demorou uns segundos, mas os segundos suficientes para eu sentir que o beijo era quente, e carinhoso. Olhámo nos nos olhos, ele colocou uma mão nas minhas costas, por eu estava quase a cambalear no chão, os seus braços eram fortes como aço e tão cheios de músculos como ……, não tinha explicação.
Eu só pensava em olhar nos seus olhos cor de âmbar brilhante, que me faziam lembrar o Bambi, eram tão lindos, profundos e escaldantes como o fogo ou o Universo, e no meio disto tudo, eu vi desejo. Sim, parece estúpido, mas eu vi desejo, nos seus olhos. Queria ficar assim para sempre, abraçada ao amor da minha vida.
De repente, tudo desapareceu, e voltamos ambos ao mundo real, porque aquilo (infelizmente) não era a realidade.
— Bem, é melhor eu ir andando.
— É, é melhor. Eu também tenho que ir lanchar.
— Pois lanchar, uma coisa que também tenho que ir fazer. Até á manhã, então.
— Sim, até á manhã.
Ele virou-se, foi se embora. Eu fiquei a vê-lo ir, pensando no acabara de acontecer, como é que num minuto ele tinha desejo nos olhos e no outro já não tinha. Isso era estranho, até para mim que lia livros de coisa que nem existiram, existem ou iram existir. A minha avó é que me veio buscar, cá fora, porque eu havia, ficado cá fora meia hora, depois de ter saído e chegado a casa. Eu não dei pelo tempo passar porque simplesmente, eu sentia que alguém ou alguma coisa me chamava.
Entrei e contei á minha avó que o meu colega de carteira me tinha levado até casa, e que depois é que foi para a dele, a minha avó disse para eu ter cuidado, mas disse-lhe que ele era uma pessoa amiga, como a Vanessa, a Bárbara e a Guida.
A Guida? Mas quem é essa? Devem vocês estar a pensar, bem vou descreve-la.
A Guida têm cabelos castanhos parecidos com o café, olhos verdes-amarelados, é alta e magra. É uma querida, não hesita em ajudar alguém com problemas, e tem um grande coração, ás vezes grande demais.
Ela pareceu ficar mais calma, mas continuou a dizer para eu ter cuidado.
Pedi á avó para não dizer nada ao pai, é que o meu é um pouco mandão, gosta da saber tudo (mas não sabe nada), gosta de dizer aquilo que devo ou não fazer, etc….E a avó como minha amiga, que é, não lhe disse nada. Fui a casa com o pai, jantei, fiz a mala e por fim, fui ler um livro que tinha trazido da biblioteca, chamava -se :“ Nudez Mortal” de J.D. Robb, é um livro policial sobre três assassinatos que acontecem e que são feitos pela mesma pessoa, um homem, que percebe perceber bem de segurança, armas antigas e de histórias do século XX. Eve é a tenente que está responsável pela investigação dos casos, as provas vão apontar para Roarke, um super empresário lindo, de cabelos pretos e olhos azuis, que se apaixona por Eve, esta envolve-se com ele, e daí………… Querem saber o resto, terão de ler o livro. Já são horas de ir dormir. Adormeci, e comecei a sonhar.
Estava num castelo ou numa casa com esse formato, a casa era antiga feita em pedra, tinha algumas rosas a crescer e a desabrochar. Uma porta de madeira antiga, muito bem trabalhada, tinha flores nas laterais da porta, mas no centro da porta, havia sido desenhada a cabeça de um leão com a boca aberta, os olhos dele pareciam que me seguiam. As janelas já também velhas, tinham algumas flores, como se o castelo fosse medieval. Entrei, fiquei maravilhada com a sala. A sala estava pintada de vermelho-sangue, as paredes e o teto eram tom de ouro. Os sofás eram almofadados, os móveis tinham sido polidos, os tapetes eram fofinhos aos meus pés……
Aos meus pés?!
Olhei para baixo e vi que estava descalça e com um vestido branco que me dava pelos joelhos, era lindo, elegante e assentava-me muito bem. Era justinho ao meu corpo, e tinha um decote em “ V ”.
Havia umas escadas no meio, de onde eu ouvi passos, com um pouco de medo tentei esconder-me, mas já era tarde.
— Que fazes aqui? – Disse-me uma voz familiar.
Olhei para trás, e lá nas escadas, estava Erik, com uma camisa da mesma cor que o meu vestido, e com umas calças pretas, estava uma brasa.
— Tu não devias estar aqui. É muito perigoso. E estares aqui comigo ainda pior.
— Porquê? Nós somos amigos, e tu não és perigoso de maneira nenhuma, és um rapaz simpático, inteligente, divertido, protector e um querido com as raparigas.
— Sim, eu sei que sou isso tudo, mas no fundo de mim existe um monstro, uma besta.
— Mentiroso.
— Mentiroso?! Eu sou um monstro. Um monstro que tira o sangue ás pessoas, que vive para sempre, que está morto. Um vampiro, um nosferatu.
— Eu não acredito. Se isso fosse verdade eu já teria sido mordida. E pelo que me parece eu não estou aqui a ver nada. – dizia eu, enquanto apontava para o meu pescoço descoberto.
— Não estava á espera que tu não acreditasses. Tu lês tanto sobre vampiros, e sabes imenso sobre eles, agora não acreditas que eles existam.
— Erik, eu sou tonta, mas não sou estúpida. Além disso, eu posso saber muito sobre vampiros, mas sei perfeitamente que eles não existem, não existiram, nem iram existir. Se isso é verdade mostra-me.
Olhou-me nos olhos, e fez-me um movimento para que eu me aproxima-se.
Eu dei um passo em direcção a ele, outro passo, outro e outro. Até que fiquei á sua frente, em cima das escadas, olhei para aqueles olhos já meus conhecidos e vi. Ele puxou a cabeça para trás, depois voltou a olhar-me. Os seus olhos escureceram, ficando negros e frio. Sorriu-me para que pudesse ver-lhe os caninos, grandes e pontiagudos, como os dentes de um tubarão. Ele olhou-me, por uns segundos, e depois puxou-me mais para si. Aproximou-me mais dele e beijou-me. Os seus lábios eram quentes, suaves e sedutores, beijou com uma força e uma vontade, que era difícil dizer “ chega”. Colocou uma nas minhas costas e a no meu pescoço. Começou beijar-me os ombros até que chegou ao pescoço. Aproximou-se os lábios, mas depois afastou-se.
— Não, eu não posso.
E soltou-me, fugiu escadas a cima e eu fui atrás dele, cheguei a um salão de dança, com um chão tudo pintado e o teto com um desenho de um anjo e uma mulher abraçados. Havia um piano clássico, muito bonito. Um violino antigo, mas muito bem tratado. E também havia uma flauta transversal, cor de prata.
— Vai-te embora, por favor. Eu não te quero magoar.
— Se não me queres magoar, morde-me. Porque se não fizeres irei ficar chateada contigo. Prova-me eu não me importo.
— Mas importo-me eu, porque eu posso perder o controlo e matar-te. E eu não quero matar uma pessoa muito especial para mim.
— De qualquer maneira eu teria de morrer, por isso não faz muita diferença.
— Não me digas coisa dessas, que fico assustado.
Voltei aproximar-me, já perto dele, peguei-lhe numa das mãos e coloquei nas minhas costas e a outra no meu pescoço, e depois coloquei a cabeça para trás, fechei os olhos e esperei.
— Força.
Passado uns segundos reparei que ele se aproximava, abriu a boca, e vi novamente os seus dentes brancos, pontiagudos e que de certa forma lindos. Pôs a boca no meu pescoço, e ……
— Cristiana levantar.
Merda, estava eu a ter um sonho bom, e já ia na parte interessante, quando a minha avó tinha de me chamar para a escola. Bem, não me posso continuar a lamentar, talvez eu sonhe outra vez e o sonho continue.