Capitulo 29 -
Dormir Em Casa
Saímos da cozinha e virámos para a sala de jantar.
Antes de eu entrar, a Rose disse que eu devia fazer uma entrada surpresa.
Esperei que ela entrasse e dissesse: "Tenho uma surpresa."
Abri a porta e entrei. Ficaram todos muito
surpreendidos, Erik parou de beber o sumo ( ou pelo menos parecia sumo),
Rodrigo engasgou-se e Aaron ficou de boca aberta. O pai de Rodrigo e Erik foi o
único que se levantou e me cumprimentou. Estalei os dedos e eles pareceram
voltar ao normal, um normal muito abananado. Sentei ao lado do Erik, mas de
frente para Rodrigo.
- Que fazes
aqui? - Perguntou-me o Erik, assim que me sentei.
- Olha, fui a
casa, mas a porta estava trancada. Não tinha chave, por isso, vim para aqui
para ligar ao meu pai para me vir buscar. Ok?
- Ok. E vais
ficar para jantar?
- Talvez. -
Respondi-lhe com um misterioso.
- Que rapariga
misteriosa! - Comentou o Aaron. - A tua amiga também é assim?
- Não, é pior.
Nós somos a Atinadinha e a Rebelde. Eu sou a Atinadinha ela é a Rebelde.
- E dão se bem?
- Sim. Do tipo:
Ela chama-me estúpida, eu chamo-lhe parva. Eu bato-lhe e ela bate-me. Eu digo
um palavrão, ela faz o mesmo. A nossa relação funciona assim desde os 7 anos, e
nunca mudou, e nunca vai mudar.
- Então são best-friends?
- Perguntou Rodrigo amorosamente.
- Sim. As
nossas zangas nunca duram mais que 20 minutos.
- A sério? -
Perguntou-me Aaron surpreendido.
- Sim. Uma vez
estávamos no 4º ano, e eu entalei na porta da casa de banho das raparigas a
prima dela. Por coincidência, temos o mesmo nome, e não gostamos uma da outra.
Mas fiquei feliz, pelo que lhe fiz. Que foi ?! - Exclamei, porque Erik, Rodrigo
e Aaron olhavam para mim com cara de espanto e como se olhos lhes fossem sair
das orbitas. - É verdade. A Nessa ficou chateada comigo, durante uns...10 ou 15
minutos. Enquanto ela estava chateada comigo, fui brincar para um ferro que
havia na escola, onde andávamos á roda e ficávamos de cabeça para baixo. Ela,
mais calma, pediu-me desculpa e eu também pedi a ela, depois disso ficamos
novamente best-friends.
- Nessa? -
Perguntou o Aaron.
- O quê?
- O nome dela é
Nessa?
- Ah! -
Exclamei ao perceber. - Não. O nome dela é Vanessa, mas eu trato-a por Nessa. É
mais adorável.
- Concordo. Quando
é me apresentas a ela? - Interrogou-me Aaron, com um sorriso malandro.
- Calma
Garanhão! - Disse-lhe. - Irás conhecê-la amanhã! Ok?!
- Queres que te
sirva o jantar? - Perguntou-me Rose, a rir.
- Por favor.
- Então ficas
para jantar! - Declarou Erik.
- E, talvez,
para passar aqui a noite. Porque a tua mãe foi maravilhosa a dar a volta ao meu
pai, o que é raro.
- A quem o
dizes.
- Estás a
lembrar-te do que ele te disse.
- Sim. O teu
pai é muito protector. E pelo que me mostrou é muito protector, em relação á
sua menina. - Disse Erik, olhando directamente para mim.
- Todos os pais
adoram proteger as suas meninas dos rapazes, independentemente que ele seja bom
ou mau rapaz.
- Verdade. Eu
próprio se tivesse uma menina seria assim com ela. - Disse Marcus. - Mas, a minha amada, só me
deu rapazes. Devo contentar-me com o que tenho...
- Se quiser,
pode adoptar-me como filha emprestada.
- Considera-te
parte da familia. - Disse Rose.
- Obrigada.
Deixei a conversa e comecei a comer. Era carde de porco
á Alentejana, e estava delicioso, a sobremesa era mouse de chocolate.
- Que achas-te
do jantar? - Perguntou-me Rodrigo.
- Estava muito
bom.
- Comes-te
pouco, não tens mais fome? - Exclamou Rose.
- Não, Rose,
estou cheia.
Seguimos para a sala, enquanto esperávamos que a Rose
viesse da cozinha, e fomos jogar ás cartas. Ou melhor dizendo, eles jogavam e
eu observava.
Reparei que a lua estava muito brilhante, o vento
acalmara e o frio da noite dera lugar a um calor invulgar de finais de
Setembro. A lua estava tão brilhante que iluminava todo o jardim como uma
lâmpada gigante. Apetecia-me ir passear pelo jardim, por isso, perguntei se
podia dar um passeio pelo jardim. Eles responderam que sim, e eu fui lá para
fora. Abri a janela e fui para o jardim passear.
Aqui estou eu, no meio do jardim, a passear á noite.
Descalcei os ténis, e fui passeando á volta da casa, mas sempre por perto.
Estava tudo muito calmo, calmo demais para o meu gosto. Algo iria acontecer,
daqui a pouco, acontece sempre alguma coisa.
Sentei-me na relva, que estava macia e bem cortada,
virada de frente para o lago. O lago estava muito bonito com o reflexo da lua
na água. Dava um ar mágico ao lago e a tudo no jardim. As rosas estavam
fechadas, os grilos cantavam e pirilampos voavam ali perto. Os pirilampos, a
certa altura, juntaram-se e fizeram uma roda de luzes á minha volta. Magnifico.
De repente, atrás de mim, ouvi um rosnado leve. Estava
tão perto que, quando me virei para trás, me assustei com a Brancura.
Encontrava-mos tão perto, que os nossos narizes se tocaram suavemente. Ri-me e
ela fez o mesmo.
Precisamos falar.
- Então vamos
falar.
Não pode ser aqui. Vamos para debaixo da amendoeira.
- Ok.
Levantei-me e segui-a até á amendoeira. Quando lá
chegamos voltei a sentar-me e Brancura veio colocar a sua cabecinha de lobo nas
minhas pernas. Apercebi-me que estávamos meio escondidas, logo o assunto era
sério.
- Que se passa?
O Erik sabe que falas-te com Rodrigo nos sonhos e que
tu descobris-te que ele não era a tua alma-gémea.
- Então era,
por isso que ele estava chateado esta manhã!?
Sim. Ele vai tentar dizer coisas horríveis sobre o
irmão para tu o deixares, mas não podes deixar que te afecte. Eu sou a sua
alma-gémea, por isso, acaba tudo com ele o mais depressa possível. Ok?
- Ok. Mas como
é que podes ser a sua alma-gémea se és um lobo?
Eu sou um metamorfo, mudo de forma quando me apetecer.
Podia ser humana, mas assim estou mais perto dele, sem desconfiarem. Não contes
a ninguém, nem a ele. Pelo menos ainda não contes, mais brevemente.
- Não contarei.
Se podes ser humana, como te chamas?
Juliette Sophie Maslin Bates.
- Nome bonito.
Obrigada. Quando chegar a altura para contar,
dizer-te-ei. Está bem?
- Sim.
Se calhar, vou me embora. Agora de preferência!
- Porquê?
Por que a tua alma-gémea vem ali, e eu não quero ficar
a fazer de vela. Adeus e muito amor e beijos.
- Igualmente.
Passados uns segundos, Rodrigo viu-me e veio ter
comigo. Enquanto ele chegava, o vento levantou-se e fez-me arrepiar. Ele
sentou-se e pôs a cabeça onde a Brancura tinha posto a cabeça á pouco tempo.
Depois o vento parou.
- Que fazes
aqui - Perguntou-me ele.
- Estava a
falar com a Brancura, meu amor. - Disse-lhe, enquanto fazia festas no cabelo
dele.
- Vais mesmo
ficar aqui a dormir?
- Sim. No
quarto ao lado teu. - Disse. - Diz-me uma coisa.
- O quê?
- Tu podes
controlar os ventos?
- Sim.
- Uau! Fazes-me
lembrar o Drácula, tirando o facto de seres mais giro, menos maléfico e seres
inofensivo.
- Obrigada, por
me comparares a um dos mais malvados e poderosos vampiros de toda a história. -
Disse-me ele ironicamente.
- Não fiques
assim zangado, não disse aquilo por mal.
- Está bem.
- O Erik sabe
que tu e eu falamos nos sonhos.
- A sério?
- Sim.
- Mas como?
- Não sei, meu
amor.
- Adoro quando
me chamas "meu amor". Faz-me sentir dono do teu coração e um sortudo.
- Tu tens o meu
coração. Que horas são?
- São 22 horas.
- Disse-me ele, enquanto olhava para a lua.
- Como é que
sabes? E deveríamos ir dormir.
- A lua
disse-me e tens razão. Devíamos ir dormir.
- A lua disse-te?!
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