Ele veio-o ter comigo como prometera e passara a noite. Dormi sem
perturbações nos braços dele. Ao olhar para ele, pareceu-me pensativo e
preocupado. Perguntei-lhe o que se passava, mas ele não me respondeu, preferiu
ficar com o assunto dó para ele. No entanto, ás vezes, ria-se e sorria para não
se mostrar desinteressado.
De manhã, quando acordei, tinha no lugar onde ele estivera uma caixa. A
caixa era de veludo azul escuro, achei suspeito, mas abri-a porque tinha o meu
nome. Mandei um grito de alegria, quando vi um colar simples de prata com um
pequeno diamante no centro. O pequeno diamante era rosa trabalhada, do tamanho
de uma bola de golfe. Era lindíssimo.
Levantei-me e vesti-me, mas antes de ir para a escola, guardei a caixa
numa gaveta e fechei-a á chave. Levei a chave comigo, para não haver o caso de
alguém ver o colar.
Ao sair do portão de casa, encontrei Rodrigo á minha espera. Fomos até
á escola de mãos dadas, e quando lá chegamos demos um beijo. Não foi para
mostrar superioridade, mas porque faltava o beijo da manhã para que o dia
corresse bem. O beijo demorou tanto que a Nessa teve tempo de aparecer e nos
separar e nos ver nos meles.
Fomos para as aulas, mas combinamos encontramo-nos no campo, nos
intervalos. A aula de história passou mais depressa que o normal, pelo a mim
pareceu-me acabar mais depressa que o normal. Rodrigo esperou por mim, quando
tocou. No entanto, Erik pôs-se a milhas.
A Nessa, só por acaso, estava já no campo á nossa espera e abraçada a
um rapaz. O rapaz estava de costas para nós, mas parecia-me familiar. Tentei
lembrar-me, mas não me aparecia ninguém na mente.
Para minha surpresa, quando chegamos, o rapaz virou e eu via que era o
Aaron. Que estava ele aqui a fazer? A resposta era simples, era para ver a
Nessa. A questão era: Como é que o deixaram entrar?
- Que fazes aqui? - Perguntei a
Aaron, enquanto me sentava, com Rodrigo.
- Sou o novo aluno.
- Como?!
- Se ela está aqui, eu estou aqui.
Mexi uns cordelinhos, e entrei na escola como aluno.
- Que lindo e pindérico.
- Olha quem fala! - Respondeu-me
a Nessa. - Não era eu que estava na porta da escola, nos meles com o meu
namorado.
- Nós não estávamos nos meles. -
Disse-lhe.
- Ah, pois não. - Concordou
Aaron com a Nessa. - Quem não te conhece que te compre.
- Ela está comprada. - Reclamou
Rodrigo com Aaron.
- Hum!!!!!! - Disseram a Nessa e
Aaron em coro.
- Parem. - Ordenei-lhes.
- Que pouca vergonha. Andar por
aí nos meles.
- Cala-te.
- Assanhada!
- Igualmente.
De repente, tocou para o regresso ás aulas. Aaron despediu-se da Nessa
com um beijo muito apaixonado e vei-o connosco para as aulas, porque a sala
dele ficava ao lado da nossa. Ele parecia muito feliz e isso via-se no olhar e
na cara.
Quando chegamos, despedimo-nos do Aaron, e entrarmos para nos
sentar-mos. Erik apareceu pouco depois de nós, e foi para a mesa do fundo, onde
ficava muito longe de nós. Era assim desde que eu e ele acabamos, apesar de já
não haver ódio, existia uma mágoa muito profunda que se via nos seus olhos
dourados.
Tinha pena que não tivesse resultado, mas não podia continuar a
mentir-lhe. Não conseguiria andar com ele e estar aos beijos com Rodrigo. O
destino ditara que eu e Rodrigo éramos almas-gémeas e nada havia a fazer contra
isso. Tentei que voltasse-mos a ser amigos, mas ele não quisera. Tinha, e tenho
ainda, esperança que ele volte a ser o que era. O responsável, alegre e
protector Erik. O Erik que em tempos fora meu amigo e namorado.
Custa-me imenso vê-lo daquela maneira, mas que podia eu fazer!?
Desejava tanto ter uma poção mágica para poder apagar tudo o que se passara ou
pelo menos apagar toda a dor que ele sentia.
Enquanto eu ia pensando, a aula de Geografia passou a voar, como o
vento. Olhei para Rodrigo, que me estava a ajudar a arrumar as coisas da aula.
Tinha a sexto sentido que me dizia que Rodrigo percebera que alguma coisa me
perturbava, no entanto, não me perguntou o que se passava comigo. Aaron
esperava impaciente por nós. E discretamente, olhei para o lugar onde Erik
normalmente está, e ele não lá estava. Devia ter saído logo que tocou.
Saímos da sala, e fomos para o campo, ter com a Nessa. Ela logo que viu
o Aaron, correu para os seus braços e deu-lhe um grande beijo.
- E nós é que andamos na pouca
vergonha. - Comentei eu.
- Concordo. - Disse Rodrigo.
Acabaram o beijo e olharam para nós com cara de poucos amigos. Nós
retribuí-mos o olhar, para depois nos rir-mos e irmos comer. Estava com tanta
fome que consegui comer o meu pedaço de pão com fiambre e ainda, provar o
croissant de chocolate. Estava tão bom que ficou um bocadinho nos lábios e
Rodrigo me deu um beijo para limpar o chocolate.
Os restantes dias foram assim, divertidos e românticos. Dias de amor e
semanas de beijos. Nós éramos os melhores amigos uns dos outros e os irmãos e
irmãs de todos. Tudo foi desta maneira, até á véspera dos aniversários do Erik
e de Rodrigo.
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