Quando voltei a acordar, já Rodrigo se tinha ido
embora e a avó estava a abanar-me para
eu acordar. A avó abanou-me com tanta força que caí da cama abaixo, e
doeu-me muito, mas tive de levantar na mesma. Preparei-me para a escola, meio
acordada e meio a dormir. Parecia um zombei! Que horror!
Fui para a escola, meio a dormir. Quase caí no chão,
quando fui contra uma pedra, mas Rodrigo agarrou-me na altura certa. Ele deu-me
um beijo e, por isso, acordei bem disposta. Seguimos o caminho normal para as
aulas, no entanto, quando chegamos a turma deu os parabéns aos aniversariantes.
A festa de aniversário seria no sábado, ás 20 horas,
em casa deles. Eles ofereciam uma visita guiada pela casa, mas só para quem
estava convidado a ir á festa. Todos queriam ir, mas apenas alguns foram
convidados.
O dia passou depressa, como sempre passava quando
estava com Rodrigo. Era como se ele fizesse com que o tempo passa-se mais
depressa. Seria isso possível? Tenho de lhe perguntar um dia.
A noite chegou e com ela veio Rodrigo. Ficou abraçado
a mim, até eu ter sono e ir dormir. A certa altura ela perguntou-me,
melindrosamente:
- Não tens um
presente para mim?
- Não. Achas
que mereces?
- Claro que
mereço.
- Hum...Ok, mas
se abrires agora, não tens para abrir no sábado. Como preferes?
- És má. Podia
dar-me uma agora e outra no sábado.
- Deves pensar
que sou a Santa Casa da Misericórdia.
- Mas, podes
ser a Santa Casa dos Presentes.
- Isso é no
pólo Norte, que é onde fica a fábrica do Pai Natal. Logo, se queres presentes
pede a ele.
- Má. Não
gostas de mim, por isso, não me dás duas prendas.
- Ah, eu não
gosto de ti?! Vai ver se está a chover e depois vem cá dizer-me.
- Não sejas
assim!
- Estás a dizer
mentiras. Que queres que faça?
- Que não leves
o que digo por mal.
Abraçou com mais força e beijou-me no topo da cabeça.
Agarrou-me a cara e fez-me olha-lo. Os seus olhos lembravam esmeraldas. Deu-me
outro beijo nos lábios e disse-me:
- Não disse
aquilo por mal. Nunca te diria algo assim. Foi só na brincadeira.
- Compreendo.
- Prefiro abrir
a minha prenda no sábado. Faz-te mais feliz?
- Sim. Podemos
ir dormir? É que foi um dia cansativo e tu és um ano mais velho.
- Nem me
lembres disso. Quem me dera poder voltar atrás no tempo.
- Concordo.
Fomos dormir, e logo acabou a conversa. Ele trouxe o
pijama dele, como sempre trazia, para poder dormir comigo. Adormecer-mos
abraçados, e é quando normalmente sonho com coisas estranhas e que se
concretizam.
Desta vez, estávamos em Paris. Estava eu, a Nessa, o
Aaron, Erik, Rodrigo, os pais deles e
mais umas pessoas que não conhecia. Estávamos todos a preparar umas malas e a
dizer que Tinhamos de nos despachar. O sonho andou para a frente.
Depois estávamos na Rússia, mais precisamente num
palácio. Era grande e bonito, mas não consegui ver muito dele, porque fomos
levados para uma sala enorme. Havia um homem á nossa espera. Não vi a sua cara,
pois tinha um grande manto vermelho escuro a tapar-lha. Sabia apenas que era
alto e forte.
Eu e Nessa fomos apresentadas ao tal homem, e ele
disse qualquer coisa numa língua que não entendi. Percebi que era uma língua
antiga e que quase ninguém tinha conhecimento dela. O homem falava com Marcus
nessa língua, mas a certa altura, começou a falar uma português para eu e a
Nessa perceber-mos.
- Devem ficar
duas semanas aqui. - Disse o homem.
- Como lhe
apuser, mestre.
Depois saímos da sala e fomos dar uma volta. Eu e
Rodrigo encontramos um jardim de rosas na parte de trás do palácio, e fomos para
lá. Vimos o pôr do sol abraçados, mas adormecemos no meio das rosas.
Quando acordei no sonho, descobri que não estava no
jardim de rosas, mas num quarto ou sala que tinha uma grande cortina numa das
paredes. Aparece o homem da sala e fez um sinal para mandarem subir a cortina
Olhei para ela, e vi o meu namorado do outro lado.
Estava preso com umas correntes á parede, e as correntes eram muito grandes e
pesadas. Perdiam-no pelos pulsos e deixando marcas. A única coisa que nos
separava era um vidro e as idiotas das correntes. Ele debatia-se, mas logo que
me viu, ele parou.
- Rodrigo!
- Cris! Espera
por mim!
- Esperarei
sempre por ti! - Voltei-me para o homem e disse-lhe: - Solte-o ou mato-o!
- Não tentes
ameaçar-me!
- Senão o que
me faz?! Prende-me? Força! Não tenho medo! - Respondi-lhe. - Mas se lhe
acontecer alguma coisa acabo consigo. - Disse, enquanto apontava para Rodrigo.
- Não teria
coragem, humana.
- Posso ser
humana e não ter muita coragem, mas se fizerem alguma coisa ás pessoas que amo,
não se metam comigo.
- Afinal, és
corajosa. Mas serás suficientemente corajosa?
- Por quem amo,
serei sempre corajosa.
- Só te quero
fazer duas perguntas, por isso, tenta acalmar-te.
- Se responder
ás duas perguntas, você solta-o. Entendido?
- Com certeza.
Prometo solta-o.
- As perguntas.
- Ama-lo muito?
- Sim.
- E estarias
capaz de morrer por ele?
- Sim.
- Nesse caso
... Desculpa.
Nesse momento o sonho acabou. Felizmente, acabou.
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