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segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Capitulo 35

Olá, meus amados filhos das trevas ...


Fiquei a chorar durante algum tempo, não sei dizer quanto tempo, porque não contei. Basta dizer que chorei até já não ter lágrimas e não ter assunto para chorar. O coração voltara a bater como é normal, o sangue estava já quente, mas o buraco ainda cá estava. Um buraco muito grande e profundo, mais profundo que m poço.
Ele estava comigo, porque eu tinha a alma de uma antiga rapariga que ele amara e que o abandonou. Que haveria eu de fazer? E se fosse verdade? Não o podia abandonar, pois não queria parecer a outra e não conseguia viver sem ele. Talvez seja mentira. Seria muito bom, pois já não tinha que me zangar ou separar dele. Teria de se explicar. É que ele nem respondeu, "Sim" ou "Não".
 - Queres um explicação. E tens todo o direito em pedir uma explicação - Afirmou Rodrigo, de repente.
Olhei para o lado, e lá estava ele. Com um ombro encostado na árvore, os braços cruzados e cara sobre o ombro, que estava encostado na árvore. No olhar lia - se a culpa de não me ter contado e a mágoa que ele sentia, por si mesmo e por me ter magoado.
Não lhe disse nada, mas ele percebeu que naquele momento eu não queria dizer nada, especialmente a ele. Sentou - se a meu lado, agarrou - me na mão e entrelaçou os nossos dedos, uns nos outros. Olhou - me nos olhos e deu - me um beijo leve e que dizia:"Desculpa".
 - Vou contar - te a verdade. - Disse - me ele. - Há uns anos, apaixonei - me por uma rapariga chamada Claire. Era bonita e sobrinha de Lady Leonor, uma das mulheres mais ricas da cidade, naquela altura. Conheci - a numa das suas visitas á nossa casa, foi amor á primeira vista. Fomos amigos e, mais tarde, namorados. Tinhamos feito 3 meses de namoro, quando ela veio ter comigo e disse - me que já não me amava e nunca mais me queria ver. Nesse mesmo dia, ela desapareceu. - Ele fez aqui uma pausa, respirou fundo e continuou. - Um ano depois, encontraram - na a 10 km de casa. Nunca se conseguiu descobrir o que se passara, mas dizia - se que ela tinha sido atacada por um vampiro, devido ás marcas das persas e porque não tinha sangue nenhum.
 - Ela morreu lá? Se não quiseres, não respondas.
 - Não. Disseram no jornal, que ele tinha morrido noutro lugar e que tinha sido ali colocada. Mas, logo a seguir a ser encontrada, ela voltou a desaparecer. E desta vez, para sempre.
 - Lamento. Espera. Vocês eram a única familia de vampiros, em Paris na altura?
 - Não. Havia mais um casal, que tinha uma adorável menina. Mas porque perguntas?
 - Eles estavam em Paris quando ela desapareceu?
 - Não. A primeira vez que ela desapareceu eles tinham ido visitar a familia ao México, e na segunda vez, estavam de férias na Inglaterra.
 - Hum. Então não podiam ser eles!
 - Tens razão. Os meus pais não podiam, Erik é mau, mas não tão mau assim. Além disso, o Erik tinha ido fazer uma viagem até Berlim.
 - Como eu tenho a alma dela, achas que eu poderia lembrar - me de alguma coisa?
 - Talvez.
 - E como é que eu saberia?
 - Provavelmente, sentias - te mal disposta, magoada, medo, etc.
 - Acho que sei onde é esse lugar.
 - A sério?
 - Tão sério como eu ser tua alma - gémea. Agora vem comigo.
 - Mas para onde?
 - Já vais ver. Como estará ela nesta altura?
 - Feita em trapos e ossos.
 - Dispensava a informação.
 - Tu é que pedis - te…
Pusemos - nos de pé e seguimos o mesmo caminho para o corredor. Estávamos a meio do corredor, quando senti uma pontinha da dor, mas fui andando. A dor ficou maior, e a ela foi juntar - se a má disposição, parecia agora que me estavam a torturar. Depois apareceu a tristeza, tão profunda como o universo.
Quanto mais andávamos, mais me parecia que estava a ficar sem ar. As pernas começaram a ficar bambas, estava a ficar muito cansada, o sangue corria com dificuldade, os batimentos cardíacos eram mais lentos e tinha uma enorme dor de cabeça. Tive de parar, porque senão caía para no chão. Rodrigo apercebeu - se e parou para me vir ajudar.
Sentei - me no chão, pois já me aguentava em pé. Ele fez o mesmo e eu olhei para a armadura á nossa frente para distrair - me. No entanto, verifiquei que esta armadura era diferente das outras, a mão que segurava a espada, estava virada para cima ao contrário das outras. Havia uma amolgadela no lado esquerdo e os pés estavam juntos, enquanto que os outros estavam com os pés afastados.
E existia um círculo por baixo da armadura, como se houvesse uma porta por detrás dela. Era misterioso, mas não impossível. Como se tivesse a certeza, fui directa á mão que tinha a espada, e puxei - a para cima. Depois tentei rodar a armadura, conforme mostrava o circulo, mas não consegui - a.
Ele mesmo sem perceber, ajudou - me a rodar a armadura. Juntos conseguimos rodá - la, e descobrimos uma porta. Entramos lá dentro, e quando nós entramos senti um arrepio a percorrer - me o corpo. Isso confirmou que o meu instinto estava certo. Ali tinha acontecido alguma coisa.
Existiam teias de aranhas que chegavam a parecer cortinas, e ratos que pareciam gatos bebés, morcegos enormes e pequenos pendurados no tecto, aos milhares. E corvos que nos olhavam friamente, mas um deles veio até mim, e ficou em cima do meu ombro, por uns tempos. Não me assustavam ou me incomodavam.

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