Páginas

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Capítulo três

Tocou e nós fomos para as aulas, em silêncio. Só quando chegámos á sala é que ele voltou a falar.
— Olha se a tua mãe pedisse desculpas ao teu pai, e ele a desculpa-se e a deixa-se voltar a viver lá em casa, o que é que tu farias?
— Não sei.
— Pensa durante a aula e no final diz-me.
Não tomei atenção nenhuma á matéria, porque estava sempre a pensar naquilo que Erik me havia dito. Se a minha mãe pedisse desculpas ao meu pai, isso era bom, e se o meu pai a perdoa-se era bom por um lado, mas também era mau por outro. Era bom porque significava que ainda se davam bem, mas era estranho. E agora devem estar a pensar assim: Estranho? Porque é que haveria de ser estranho?
Era estranho porque á muito tempo que eu sou feliz com o meu pai, a avó e o avô, e se a mãe agora viesse viver com o pai, isso significava que ele tinha sido idiota o suficiente para perdoar a minha mãe de uma traição, de mentiras , etc.
E agora a parte mais difícil, o que é que eu faria se isso acontece-se?
Bem, o que qualquer filha faria, aceitava. Mas eu assim seria uma estúpida, por isso, o que eu faria era dizer o que sentia e pensava do assunto. E assim tenho a resposta certa á questão.
O toque para sair, e ir para casa, tinha sido o suficiente para me tirar dos meus pensamentos. Erik já tinha arrumado as suas coisas na mala, pelo que me ajudou a arrumar as minhas coisas, para nos despacharmos mais depressa.
Saímos da sala, e já nas escadas, Erik olhou para mim e perguntou-me:
— Então o que é que farias?
— Nada.
— Nada?! A sério?
— Não.
— Ah! Também já achava estranho.
— O que eu faria era, dizer ao meu pai que era estranho a mãe vir viver connosco.
— Eu sabia!
— O que é que tu sabias?
— Que me darias uma resposta sincera e bem pensada.
— Ah! Uau! Achas-te mesmo isso da minha resposta ou ………. só disseste isso para eu ficar feliz?
— Achei mesmo isso.
— Obrigada.
— De nada.
— Vemos nos daqui a pouco, na aula de EV.
— Ok. Espero por ti aqui ao portão!
— Está bem, mas não é preciso.
— Claro, que é preciso, os amigos fazem isso uns aos outros.
— Então ok, te já.
Sai pelo portão para ir almoçar a casa, como sempre faço, e pelo caminho ia a pensar que Erik era um bom amigo, não a por ter a defendido, nem pelo facto de ele ser inteligente, mas sim porque ele tem um grande coração. E normalmente essas pessoas compreendem quando as outras pessoas têm problemas ou não, ou sentem se aquela pessoa precisa de ajuda, entre outras coisas.
Cheguei a casa num instante, entrei em casa e pus a mala no sofá velho que está cá fora, depois fui lá dentro de casa, ao meu quarto mais porpriamente, buscar o telemóvel, para ligar ao meu pai.
Fui aos contactos e liguei…………………………………….passado 2 minutos o meu pai desliga, para que seja depois ele a ligar. Ligou-me e eu atendi:
— “ Tou, é a Cristiana….”
— Não! É a Maria.
— “ Ai, é! Eu julgava que era a Cristiana.”
— Olha, sabes uma coisa?
— “ Não, ainda não me disseste.”
— Queres saber uma coisa?
— “ Sim. Diz lá.”
— Lembras-te de eu ter dito que tinha vindo um rapaz novo para a nossa turma?
— “ Sim, lembro-me.”
— Eu sou amiga dele.
— “ Tem cuidado, Cristiana.”
— Sim, pai eu tenho, não te preocupes.
— “ E a escola?”
— Foi boa, como sempre.
— “ E trabalhos de casa?”
— Não há.
— “ Não há? Tenho que ir ralhar com esses professores, então.”
— Não! Assim é que é bom.
— “ Pois é. Só que tu descansas, e aqui o velhote tem que vir vergar a mola.”
— Pois claro, tens que fazer alguma coisa, não pode ser só descanso.
— “ Ai, é. A desde cá vir pedir alguma coisa.”
— Tá bem, eu vou.
— “ Olha porta-te bem, e boa escola.”
— Está bem.
— “ Beijinhos!”
— Beijinhos.
E desligou. No fim de falar com o pai, fui para a cozinha, onde já a avó tinha servido o almoço. E como sempre eu tenho que saber o que é que é o almoço.
— O que é que é o almoço?
— Batatas de Azeite e Vinagre. – respondeu a avó.
— Boa.
Batatas de Azeite e Vinagre, é a comida que eu mais gosto.
Sentei há mesa, e comecei a comer, no fim de comer, fui para o quarto fazer a mala da tarde: a capa de EV, lápis de cor, canetas de pintar, cola, tesoura, livro, e caderno.
As coisas para EV estavam prontas agora faltavam as de Ciências Naturais: o manual, caderno de actividades, bolsa das canetas e caderno de ciências.
Agora sim, estava tudo pronto, como não faltava muito, fui logo embora para a escola.
— Até logo.
— Vais-te já embora para escola?
— Vou, avó.
E assim segui o meu caminho directo para a escola, onde um amigo muito recente me esperava. Um amigo muito especial.
Cheguei á escola, entrei pelo portão. Mas de repente, por detrás de mim, meteram umas mãos dos meus olhos, não via nada, mas sentia. E o que eu sentia era umas mãos macias como um bebé e carinhosas como uma flor.
— Quem é?
― Deixa-me adivinhar…….Vanessa.
― Não.
― Bárbara.
― Não.
― Espera ai, Erik.
― Sim.
E depois ele tirou as suas mãos macias e carinhosas dos meus olhos. Virei para ele que já tinha nas mãos aquilo que a prof. havia pedido. Ainda tivemos tempo para conversar sobre o porquê, que a prof. nos fizera trazer aquele material. Tocou logo a nós acabarmos de falar.
Subimos as escadas e entramos na sala, fiquei ao lado do Erik, como em todas as aulas. A prof. “Bebé”, a alcunha dela, entrou já atrasada para a aula.
― Trouxeram todos o material?
― Sim! – Respondemos todos num único.
― Bom, hoje vão desenhar o colega do lado.
Eu olhei á minha volta, tinha Erik atrás de mim e a Raquel do meu lado esquerdo. Eu escolhi logo desenhar o Erik, seria difícil, mas eu iria conseguir, e Erik também já me tinha escolhido para desenhar.
― Eu faço-te a ti e tu fazes-me a mim, boa. - Disse eu.
E a seguir pensei “ o desenho vai ficar horrível”. Mas já era tarde, já o tinha escolhido. A única coisa que posso pedir é para que não fique muito mau.
Tirei uma folha do bloco, um lápis e borracha, olhei para ele com convicção, e disse para mim própria, “ eu consigo”.

Sem comentários:

Enviar um comentário

Se tiveres coragem de um filho da trevas, comenta os capitulos.