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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Capítulo Quatro

Olhava para ele e tentava desenhar, não ficou muito mau, ficou no meio, quando acabamos, mostramos os desenhos um ao outro, mostrei o meu e ele disse:
― Ficou melhor do que o desenho da última pessoa que me tentou desenhar.
― A sério?! Tu só podes estar a gozar!
― Não, estou. Acredita.
― Esta bem, eu acredito.
— Agora, é a tua vez de mostrares o desenho.
— Não sei, acho que podia ter feito melhor.
— Eu é não sei, ainda não vi o desenho.
— Tu estás ansiosa por vê-lo, não estás?
— Mas é claro que estou, sou eu que estou aí, ou pelo menos é isso que eu acho.
Assim que ele me mostrou o desenho, parecia que eu tinha começado a ver estrelas, a andar, á volta da minha cabeça.
Eu, no desenho, tinha um aspecto de princesa, com cabelos negros sedosos, uma branca, límpida e macia, uns lábios prefeitos, olhos castanhos cor de chocolate, e sem óculos. Achei estranho. Porque haveria ele de me desenhar sem óculos?
— Fizeste-me sem óculos, porquê?
— Porque eu ouvi-te dizer que detestavas ter de usar óculos.
— Ah! Ouvis-te.
— Sim.
Trimmmmm. Tocou para a saída. Arruma-mos as coisas e fomos embora. Já estávamos no portão, quando ele parou, e disse:
— Posso acompanhar-te a casa?
— Claro, Erik. Mas um aviso.
— Qual?
— Se o carro do meu pai lá estiver, tem cuidado.
— Porque?
— Porque ele, tem em casa dele 3 espadas de samurai em casa, e não lá estão só para enfeitar.
— Oh! Já percebi, não te preocupes eu tenho cuidado.
— Então, vamos.
Viemos todo o caminho a conversar sobre mim e ele. Descobri que era do Benfica, que tinha um irmão da idade dele, que se chamava: Rodrigo Adrian. Que tinha cabelos cor de mel, tinha os seus olhos eram verde-esmeralda, e que eles dois tinham a mesma altura (172 cm). Quando chega-mos a minha casa, eu comecei a despedir-me.
— Tchau.
— Tchau.
Depois deu-me um beijo na bochecha, senti um formigueiro na barriga, demorou uns segundos, mas os segundos suficientes para eu sentir que o beijo era quente, e carinhoso. Olhámo nos nos olhos, ele colocou uma mão nas minhas costas, por eu estava quase a cambalear no chão, os seus braços eram fortes como aço e tão cheios de músculos como ……, não tinha explicação.
Eu só pensava em olhar nos seus olhos cor de âmbar brilhante, que me faziam lembrar o Bambi, eram tão lindos, profundos e escaldantes como o fogo ou o Universo, e no meio disto tudo, eu vi desejo. Sim, parece estúpido, mas eu vi desejo, nos seus olhos. Queria ficar assim para sempre, abraçada ao amor da minha vida.
De repente, tudo desapareceu, e voltamos ambos ao mundo real, porque aquilo (infelizmente) não era a realidade.
— Bem, é melhor eu ir andando.
— É, é melhor. Eu também tenho que ir lanchar.
— Pois lanchar, uma coisa que também tenho que ir fazer. Até á manhã, então.
— Sim, até á manhã.
Ele virou-se, foi se embora. Eu fiquei a vê-lo ir, pensando no acabara de acontecer, como é que num minuto ele tinha desejo nos olhos e no outro já não tinha. Isso era estranho, até para mim que lia livros de coisa que nem existiram, existem ou iram existir. A minha avó é que me veio buscar, cá fora, porque eu havia, ficado cá fora meia hora, depois de ter saído e chegado a casa. Eu não dei pelo tempo passar porque simplesmente, eu sentia que alguém ou alguma coisa me chamava.
Entrei e contei á minha avó que o meu colega de carteira me tinha levado até casa, e que depois é que foi para a dele, a minha avó disse para eu ter cuidado, mas disse-lhe que ele era uma pessoa amiga, como a Vanessa, a Bárbara e a Guida.
A Guida? Mas quem é essa? Devem vocês estar a pensar, bem vou descreve-la.
A Guida têm cabelos castanhos parecidos com o café, olhos verdes-amarelados, é alta e magra. É uma querida, não hesita em ajudar alguém com problemas, e tem um grande coração, ás vezes grande demais.
Ela pareceu ficar mais calma, mas continuou a dizer para eu ter cuidado.
Pedi á avó para não dizer nada ao pai, é que o meu é um pouco mandão, gosta da saber tudo (mas não sabe nada), gosta de dizer aquilo que devo ou não fazer, etc….E a avó como minha amiga, que é, não lhe disse nada. Fui a casa com o pai, jantei, fiz a mala e por fim, fui ler um livro que tinha trazido da biblioteca, chamava -se :“ Nudez Mortal” de J.D. Robb, é um livro policial sobre três assassinatos que acontecem e que são feitos pela mesma pessoa, um homem, que percebe perceber bem de segurança, armas antigas e de histórias do século XX. Eve é a tenente que está responsável pela investigação dos casos, as provas vão apontar para Roarke, um super empresário lindo, de cabelos pretos e olhos azuis, que se apaixona por Eve, esta envolve-se com ele, e daí………… Querem saber o resto, terão de ler o livro. Já são horas de ir dormir. Adormeci, e comecei a sonhar.
Estava num castelo ou numa casa com esse formato, a casa era antiga feita em pedra, tinha algumas rosas a crescer e a desabrochar. Uma porta de madeira antiga, muito bem trabalhada, tinha flores nas laterais da porta, mas no centro da porta, havia sido desenhada a cabeça de um leão com a boca aberta, os olhos dele pareciam que me seguiam. As janelas já também velhas, tinham algumas flores, como se o castelo fosse medieval. Entrei, fiquei maravilhada com a sala. A sala estava pintada de vermelho-sangue, as paredes e o teto eram tom de ouro. Os sofás eram almofadados, os móveis tinham sido polidos, os tapetes eram fofinhos aos meus pés……
Aos meus pés?!
Olhei para baixo e vi que estava descalça e com um vestido branco que me dava pelos joelhos, era lindo, elegante e assentava-me muito bem. Era justinho ao meu corpo, e tinha um decote em “ V ”.
Havia umas escadas no meio, de onde eu ouvi passos, com um pouco de medo tentei esconder-me, mas já era tarde.
— Que fazes aqui? – Disse-me uma voz familiar.
Olhei para trás, e lá nas escadas, estava Erik, com uma camisa da mesma cor que o meu vestido, e com umas calças pretas, estava uma brasa.
— Tu não devias estar aqui. É muito perigoso. E estares aqui comigo ainda pior.
— Porquê? Nós somos amigos, e tu não és perigoso de maneira nenhuma, és um rapaz simpático, inteligente, divertido, protector e um querido com as raparigas.
— Sim, eu sei que sou isso tudo, mas no fundo de mim existe um monstro, uma besta.
— Mentiroso.
— Mentiroso?! Eu sou um monstro. Um monstro que tira o sangue ás pessoas, que vive para sempre, que está morto. Um vampiro, um nosferatu.
— Eu não acredito. Se isso fosse verdade eu já teria sido mordida. E pelo que me parece eu não estou aqui a ver nada. – dizia eu, enquanto apontava para o meu pescoço descoberto.
— Não estava á espera que tu não acreditasses. Tu lês tanto sobre vampiros, e sabes imenso sobre eles, agora não acreditas que eles existam.
— Erik, eu sou tonta, mas não sou estúpida. Além disso, eu posso saber muito sobre vampiros, mas sei perfeitamente que eles não existem, não existiram, nem iram existir. Se isso é verdade mostra-me.
Olhou-me nos olhos, e fez-me um movimento para que eu me aproxima-se.
Eu dei um passo em direcção a ele, outro passo, outro e outro. Até que fiquei á sua frente, em cima das escadas, olhei para aqueles olhos já meus conhecidos e vi. Ele puxou a cabeça para trás, depois voltou a olhar-me. Os seus olhos escureceram, ficando negros e frio. Sorriu-me para que pudesse ver-lhe os caninos, grandes e pontiagudos, como os dentes de um tubarão. Ele olhou-me, por uns segundos, e depois puxou-me mais para si. Aproximou-me mais dele e beijou-me. Os seus lábios eram quentes, suaves e sedutores, beijou com uma força e uma vontade, que era difícil dizer “ chega”. Colocou uma nas minhas costas e a no meu pescoço. Começou beijar-me os ombros até que chegou ao pescoço. Aproximou-se os lábios, mas depois afastou-se.
— Não, eu não posso.
E soltou-me, fugiu escadas a cima e eu fui atrás dele, cheguei a um salão de dança, com um chão tudo pintado e o teto com um desenho de um anjo e uma mulher abraçados. Havia um piano clássico, muito bonito. Um violino antigo, mas muito bem tratado. E também havia uma flauta transversal, cor de prata.
— Vai-te embora, por favor. Eu não te quero magoar.
— Se não me queres magoar, morde-me. Porque se não fizeres irei ficar chateada contigo. Prova-me eu não me importo.
— Mas importo-me eu, porque eu posso perder o controlo e matar-te. E eu não quero matar uma pessoa muito especial para mim.
— De qualquer maneira eu teria de morrer, por isso não faz muita diferença.
— Não me digas coisa dessas, que fico assustado.
Voltei aproximar-me, já perto dele, peguei-lhe numa das mãos e coloquei nas minhas costas e a outra no meu pescoço, e depois coloquei a cabeça para trás, fechei os olhos e esperei.
— Força.
Passado uns segundos reparei que ele se aproximava, abriu a boca, e vi novamente os seus dentes brancos, pontiagudos e que de certa forma lindos. Pôs a boca no meu pescoço, e ……
— Cristiana levantar.
Merda, estava eu a ter um sonho bom, e já ia na parte interessante, quando a minha avó tinha de me chamar para a escola. Bem, não me posso continuar a lamentar, talvez eu sonhe outra vez e o sonho continue.

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