- Sim. Nós
vampiros sabemos sempre as horas, olhando para o sol ou a lua.
Rodrigo ajudou - me a levantar do chão e acompanhou -
me até casa. Mesmo antes de entrarmos, ele pegou - me nas mãos, olhou - me nos
olhos e declarou:
- Mon Soleil scintillant
Et
ma Lune brillant
Appoter
je lunière en amour
Et
ilumination en ma existence.
- Foi lindo em
francês, mas eu não percebi nada. Volta a dizer isso, mas em português.
- Eu disse: Meu
Sol cintilante. E minha Lua brilhante. Trouxeste - me luz no amor. E na minha
existência.
- Oh! Que
romântico.
Inclinou - se e deu - me um beijo, suave e doce como o
vento com o cheirinho a chocolate. Mas, infelizmente, era tarde e tivemos de
entrar em casa para irmos dormir. Rodrigo mostrou o meu quarto, como se fosse o
rei da casa.
O quarto era maravilhoso. As paredes eram vermelhas
sangue com rosas brancas e folhas pretas. A cama tinha cortinas penduradas,
parecendo uma cama de princesa. Tinha uma secretária e uma porta para uma casa
de banho privada. A janela que havia do lado direito, mostrava o lago do jardim
com o luar reflectido. A luz do quarto era uns candeeiros antigos que estavam
na parede, um de cada lado da cama, parecia que estávamos iluminados pela luz
das velas.
De repente, soltei um bocejo de sono. Estava cheia de
sono, mas tinha medo de ficar a dormir sozinha, por isso, não me fui deitar.
- Está na hora
de ires dormir. - Comentou Rodrigo.
- Mas não quero
dormir sozinha.
- E se dormi -
se aqui contigo?
- Farias isso
por mim?
- Claro. Veste
- te, enquanto vou buscar dois copos de leite morno para te ajudar a adormecer.
- Não demores.
- Está bem.
Volto já.
- Ok.
Quando ele saiu, fui directamente á cama, pois estava
lá um pijama. Era creme com umas rosas roxas nos cantos da camisola e dos
calções. Abri a cama e fuiá casa de banho pentear o cabelo e apanha - lo num
rabo - de - cavalo.
Voltei para o quarto e fui á mala buscar um dos livros
que tenho andado a ler. Neste caso era: O retrato de Dorian Gray, e
posso dizer que o filme que fizeram não tem nada a haver com o livro, os
conselhos alguns são bons e maus e o livro é um pouco complicado de entender.
Um dos bons conselhos é este: "Escolho os meus amigos pela sua boa
aparência, meus meros conhecidos pelo seu bom carácter e os meus inimigos pela
sua inteligência."
Li umas 2 ou 3 páginas antes de ele voltar, com as
canecas de leite. Entrou e fechou a porta atrás dele, enquanto vinha sentasse
comigo. Deu - me as duas canecas, e meteu - se dentro das cobertas com o pijama
que trazia vestido. Passei - lhe uma das canecas e comecei a beber um pouco o
meu leite. Hum! Estava quentinho e muito bom.
- Como te
sentes? - Perguntou - me ele.
- Bem. O quarto
é maravilhoso, adoro as cores e as rosas pintadas na parede.
- Concordo. Fui
que escolhi as cores e os desenhos do quarto.
- A sério?!
- Vamos dormir,
pode ser?! - Pediu ele, a bocejar.
- Está bem,
Dorminhoco.
Ele deitou - se na cama, logo depois de pôr as canecas
em cima das mesas - de - cabeceira, e puxou - me para perto dele. Também me
deitei, ele pôs a cabeça na almofada e eu a cabeça no peito suave e caloroso
dele. Como estávamos calados, eu consegui ouvir o som do coração dele a bater e
o meu coração a acompanhar. Ele abraçou - me, como maneira de não me deixar
escapar. Deu - me um beijo na testa e disse - me:
- Boa noite,
chérie.
- Boa noite,
mon amour.
Não ficamos totalmente ás escuras, pois as cortinas da
janela estavam abertas, e entrava o luar branco e mágico. Era bonito, mas
também assustador, porque é noite de lua cheia. É nessas noites alguma coisa
mágica acontecia. Devo ter adormecido, porque não me lembro de mais nada.
Voltei a sonhar, e o sonho foi abominável, mas vou contar - lo.
Estava á porta de uma catedral e a porta estava
entreaberta, por isso, abri - a e entrei. Ouvi um som que vinha de uma sala á
minha esquerda e fui ver o que estava a acontecer. Quando entrei, vi estendido
no chão Rodrigo que sangrava. Corri para junto dele, e nesse momento, que
avistei uma sombra escura na entrada. A sombra tinha grandes olhos grandes e
uma comprida capa preta. Olhei para Rodrigo, que estava a morrer, e eu não
podia fazer nada.
- Ele vai
morrer e tu não podes fazer nada. - Disse - me a "sombra".
- Não!!!!!! -
Gritei - lhe, fazendo - me acordar do sonho.
Acho que quando acordei do pesadelo, devo ter acordado
Rodrigo também, porque ele estava com os olhos muito abertos de surpresa e
preocupação. Abraçou - me com muita força, e cantou - me "Everything i
do" para me tentar acalmar. Acalmei um bocado, mas não completamente, pois
continuava a pensar no pesadelo. Aproveitei a situação para verificar se ele
estava bem. Não estava magoado ou sangrava. Que maravilha! Huf!
- Que
aconteceu? Estás bem? Porque te assustas - te tanto?
- Tive um
pesadelo, mas agora estou bem.
- E esse
pesadelo assustou - te muito?
- Sim.
- Queres contar
- mo?
- Estava na
sala de uma catedral e tu estavas nos chão a morrer. E havia uma sombra que me
disse que tu ias morrer e eu não podia fazer nada. Tive tanto medo de te perder....
- Não te
preocupes. Eu não morro com facilidade.
- Estou mais
descansada.
- E podemos
voltar a dormir!? São 4 da manhã e eu ainda quero dormir.
- Então, vamos
dormir.
Voltei a dormir, mas sem sonhos. Dormi profundamente e
em paz. Estava a dormir tão bem, que quando a Rose nos disse para levantar, não
me apeteceu e a ele também não. Como se ele tivesse lido os meus pensamentos,
puxou as cobertas para cima e tapou - nos por completo. Ficámos assim durante
15 minutos, depois percebemos que nos tínhamos de levantar para ir para a
escola. Como desejava que fosse fim - de - semana!
Levantámos - nos e fomos vestir - nos. Ele saiu para
me poder vestir á vontade e para ele se ir vestir ao seu quarto.
Misteriosamente, tinha uma roupa para mim, diferente da minha, em cima da cama.
Era uma saia preta lisa, uma camisa branca aos folhos e um colete preto
bordado, e ainda umas botas pretas.
Depois de me vestir, fui á casa de banho pentear - me.
Nesse momento, entrou Rodrigo. Foi sentar - se na cama, á minha espera. Quando
sai, fui ter com ele, ele abraçou - me pela cintura e deu - me um beijo
demorado.
- Gostei da
noite passada. E tu? - Disse ele.
- Também
gostei.
- Vai buscar a
tua mala e vamos para a escola.
- Espera por
mim....
- Ok.
Enquanto eu fui buscar a mala, ouvi Erik a entrar,
estrondosamente, pela porta. Estava furioso, quase parecia criar remoinhos á
sua volta. Tinha os punhos fechados, o olhar cheio de loucura e malícia e a
cara extremamente vermelha, lembrava um pimento.