Abri o livro e folhei umas páginas. Era velho e
algumas palavras não se conseguiam ler, mas com um pouco de paciência éramos
capazes ler o que lá estava escrito. Exclusivamente, as páginas finais falavam
de Claire. Comecei a ler uma das páginas, que dizia:
"Ela irá ser minha. Farei o que tiver de fazer,
para a conseguir para mim."
Ele fez o que tinha de fazer para a conseguir,
incluindo matá-la. O modo como escreveu, mostra que ela estava com outro e que
ele a amava muito. No entanto, o amor que ele tinha era doentio, por isso,
quando percebeu o mal que fizera, o amor dele transformou-se em ódio. Um ódio
muito grande, que fez com que ele não se apercebe-se do que fazia.
Mais á frente, escreveu palavras mais fortes e exigentes,
loucas:
"Ele não faz nada, e ela sabe o segredo. Se ele
não fizer, eu farei alguma coisa."
No livro, avancei dois meses, e nas frases que ele
voltara a escrever eram chocantes. E descreveu como faria as coisas para não
desconfiarem. Antes de chegar a umas frases, ele disse que a iria congelar
depois de morta, para a puder ver para sempre. Mas o interessante foi:
"Ela está grávida. A bebé é minha,
ou pelo menos penso que é minha.
Mas não vou poder ficar com ela, pois iriam
desconfiar. Por isso, ficará com uma pessoa de
confiança."
Ele sabia que ela estava grávida, e que a bebé era
dele, ou pensava ele que era. Mas foi matá-la na mesma. Porque o fez? Ao menos
não matou a bebé, deixou-a a alguém de confiança. Mas quem seria? Alguém que
lhe deu educação. No entanto, teria sido boa ideia deixa-la? Não me parece.
Ele tinha linhagem, independentemente, do que
acontece-se a ela. Continua faltar o porquê nesta história. Se ele a amava,
porque a matou. Porquê? Ela podia não ama-lo, mas teria sido por isso que a
matou? Sim ou não?
Segui umas páginas para a frente, e 6 meses se
passaram. E foi nestas páginas que tive a resposta ao porquê. Ele escrevera o
que se passara:
"A bebé está bem e a mãe também. Mas ela disse-me
que
não suportaria viver como vampira e pediu-me que a
mata-se.
Não o fiz. E ela ordenou-me a mata-se por amor.
Disse que se eu a amava que a mata-se. Foi o que fiz,
e irei
arrepender-me para o resto da vida de o ter feito.
Matei-a. Matei-a por ama-la."
Coitado. Ele matou-a, mas foi por ama-la. Não
entendi-a. Como é que isso fez ele ou ela mais felizes? Ele amava-a tanto, que
a matou, porque ela lhe pediu. Por um lado compreendo, mas por outro lado não
compreendo. Não era certo, mas também não era errado, pelo menos não era
completamente errado.
Ela era o amor dele, por isso, ele fez tudo o que ela
queria. Só para a ter para ele, nem que fosse nos últimos minutos da vida dela.
No entanto, deveria ter dito que não, mas para ele era impossível recusar-lhe
alguma coisa. Nem que fosse, o mais insignificante desejo ou pedido. O amor é
mágico e, por vezes, trágico. Neste caso amoroso, o amor foi uma tragédia
mortal.
Voltei a pôr o livro onde estava, e fui para a enorme
caixa. Era realmente bonita, e tinha uma placa com um nome. Retirei o pó e li :
Claire. Acho que tive um ataque, quando vi o nome dela ali escrito.
Recomecei a ler as frases, e desta vez, chamei Rodrigo para junto de mim.
Lê-mos os dois e sentarmo-nos a pensar. Vi que ele
queria abrir a caixa. ou será caixão? É o mesmo!
Agarrei nele e puxei-o para me ajudar a abrir a caixa,
ou caixão. Ele pareceu ficar confuso, mas animado.
- Sei que
queres abrir isto, por isso, vamos abri-la.
Eu fiquei a uma ponta e ele na outra ponta. Contei até
três e fizemos força. A principio, quase não se mexeu. Mas com a força de
Rodrigo, começou a mexer-se um bocado. Continuamos a fazer força, até não
aguentar-mos mais. Ele acabou primeiro, por isso, veio ajudar-me.
Quando acabamos de abrir a caixa, olhamos para dentro
dela, e ... Nada. Tinha um pequeno cartão, e mais nada. Estava fazia, mas eu
sabia que ela estava perto. Ele amava-a demais, para a deixar num sitio tão
visível, onde todos a podiam ver.
Ela estava num sitio perto, mas escondida. Talvez por
detrás de uma parede ou armário, num santuário secreto para ela. Devíamos
procurar uma pedra saída, uma alavanca ou outra coisa parecida. Antes disso,
estiquei-me e agarrei o cartão. Abri-o e li-o em voz alta:
"O
vampiro tem a Rosa.
A Rosa tem o mundo.
O mundo esconde um segredo.
Para a encontrares, procura o mundo.
E a Rosa encontrarás.
Dentro dela o vampiro."
- Temos de
procurar o mundo e uma rosa. Mas onde? - perguntou-me ele.
- Talvez, á
volta da caixa. Foi onde o cartão estava.
- Boa ideia,
querida.
- Obrigada.
Rodrigo viu a tampa da caixa, enquanto que eu vi-a á
volta. De repente, vi um circulo no meio da caixa. Tirei o pó com a mão, e
encontrei o mundo e, por cima, a rosa. Empurrei-a e, logo se ouvir uma porta a
abrir-se.
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