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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Capítulo 21

- Para começar, vais concentrar-te apenas, e apenas, no teu animal. Pensas nele e em mais nada. Quando sentires um toque na tua mente, diz-me. - Disse-me Aaron.
Abria a minha mente e concentrei-me no meu animal. O lobo era lindo. Fechei os olhos e pensei nele. Depois senti o toque na minha mente, era suave, caloroso e muito confortável. Abri os olhos. E quando era para responder a Aaron, senti uma dor muito forte na mente. Levei a mão à cabeça, para ver se passava com uma massagem, mas não passou.
- É normal, eu sentir um dor muito forte depois do toque, na minha mente?
- Não. - Disse Erik.
- Então que se passa comigo?
- Não nada contigo, apenas tem a forma de ligar com o teu animal diferente do nosso. - Respondeu-me Rodrigo.
- Mas vou ficar ligada ao meu animal, certo?
- Sim. Mas o processo que será iniciado para isso, será mais complicado. - Disse Erik.
- O que tenho de fazer?
- Tens de cortar, um pouco, o teu pulso e dar o teu sangue a beber ao teu animal. Enquanto dizes um poema, o teu animal decide. Se ele aceitar, ficaram ligados, se não aceitar, esquece. Disse-me Aaron. - Estás disposta a isso?
- Sim.
- Então vamos começar.
Aaron veio ter comigo, com uma faca na mão. A faca era muito grande, parecida com as dos mestres de cozinha. Agarrou-me o pulso, com suavidade, e passou a lâmina. Abriu-se uma linha vermelha, por onde caíram algumas gotas de sangue. As gotas de sangue eram tão escuras, mas ao sol eram um cor de rosa velho. Depois Aaron falou:
- Agora avança. Depois, diz o poema que estás escrito , neste caderno. E enquanto lhe dás o teu sangue.
- Esse caderno será para escreveres, todas as aventuras que tiveste com o teu animal. - Explicou-me Rodrigo.
- ok.
Aaron vem ter comigo e, entrega-me um caderno de veludo branco como a pele do lobo com letras castanhas, onde se podia ler: O meu Diário Animal. Abri-o, e avancei. Estendi o meu pulso ao lobo e comecei a dizer o poema:

Animal meu
Vem a mim.
Segue a minha voz
Pois estou aqui.

Depois senti uma pequena mordida. Olhei o lobo, tinha o focinho vermelho, o que significava que tinha aceitado. E a minha ferida no pulso estava sarada. Agora, só estava uma linha rosa clara. Tirei um papel do bolso e molhei-o com um pouco da água do lago, e limpei o focinho do meu animal.
Pareci-a que todo o mundo, tinha desaparecido, era apenas eu e o meu animal. Sentei-me na relva, e o lobo veio ter comigo. Deitou-se a meu lado, com a cabeça no meu colo, e eu comecei a fazer lhe festinhas. De repente, senti as emoções do meu animal, ele estava feliz e descontraído. A seguir ele falou comigo por pensamento e eu ouvi.
Tem cuidado com o Erik, porque ele não é quem parece ser.
- Como assim?
Ele um lado maléfico.
- Achas?
Tenho a certeza. Mas não te preocupes, irei ajudar-te.
- Obrigada.
Aquele que te ama de verdade é o Rodrigo.
- Não é nada.
Em breve, perceberás o que digo.
- Em breve.
Queres brincar?
- Claro.
Fiz-lhe umas sossegas. Ele pareceu rir-se, tal como eu. Quando se libertou, lambeu-me a cara, deixando-me toda cheia de baba. Pude descontrair, um bocadinho, antes de voltar à realidade, pura e dura.
Eu sei que a realidade, agora, é dura, mas vai passar.
Abracei o lobo. O seu pêlo era muito fofinho, e estava quase a fazer com que adormece-se. Era como um casaco de peles, fofinho, quente e aconchegado.
- Não me deixes. – Disse-lhe.
Não te deixarei.
Olhei para, Erik que tinha no ombro a coruja, Aaron o morcego e Rodrigo o corvo. Cada um de nós estava no seu mundo.
- Obrigada pela ajuda, Aaron.
- De nada.
- Não queria ser desmancha-prazeres, mas… o teu pai não deveria levar-me para casa. – Comentei eu.
- Tens razão. - Disse Erik. - Pai, podes levar-nos a casa da avó dela?
- Claro, vamos. - Respondeu Marcus.
- Podem esperar, queria despedir-me do Brancura. - Pedi.
- Quem? - Perguntou Erik.
- Brancura, foi o nome que dei ao meu animal.
- Nunca pensei em dar nome ao meu animal. E tu? - Comentou ele com Aaron.
- Não. E tu? - Perguntou Aaron a Rodrigo.
- Nunca.
Adeus. Boas noites e Sonhos bons.
- Igualmente.
Tenho de ir, importas-te?
- Não, vais á tua vida. Adeus.
Adeus e Beijinhos.
Baixei-me, um pouco, e abraçei o Brancura. Depois ele foi-se embora, para trás da amendoeira. Já longe, enviou-me um último pensamento desse dia.
Adoro-te muito.
Quase voltei a chorara, mas não o fiz. Não era fraca, nem queria parecê-lo.
- Também te adoro.
Chama-me sempre que puderes, ou precisares de mim.
- Assim o farei.

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