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sexta-feira, 15 de junho de 2012

Capítulo 14


Deixei as mãos de Erik e fui com o seu irmão. Fomos para, o canto mais longínquo, do lago. Certifiquei-me de que ninguém ouviria a nossa conversa. Eu estava de costas para ele, desta vez, porque não era capaz de olha-lo nos olhos. Depois tive um impulso e virei-me.


Ele tinha no olhar sofrimento, mágoa e dor. Os olhos verdes alegres, que tinha visto antes, agora estavam de um verde-escuro, sombrio e frio. Era arrepiante. Tinha os punhos serrados, com tanta força que a mão até estava vermelha. Nas suas feições via-se o sofrimento que estava a passar, e também se via parte sombria dele. Podia-se, com mais atenção, ler no seu olhar o perigo e o desespero. Os cabelos louros pareceram escurecer, e tornarem-se castanhos avermelhados, como fogo.


− Porquê? – Exclamou ele. – Porquê? Porquê?!


− Eu não sei. Eu não sei. – Retorqui eu.


− Isso não é resposta.


− Ok. Eu gosto muito de ti, mas amo o teu irmão. – Expliquei. – Não me perguntes porquê, pois eu não sei a resposta.


− Tu gostas de mim? Boa. – Falou ele, para si. – Mas como amigo ou algo mais?


− Como amigo.


− Então porque me beijaste daquela maneira?


Disse ele, enquanto se aproximava de mim. Quando dei por ele, já ele estava á minha, com os nossos corpos juntos. Ele segurava-me pela cintura e tinha a cabeça rente ao meu pescoço. Depois aproximou os seus lábios do meu ouvido e segredou-me:


− Porque escolhes ele, quando eu posso dar-te tudo? Mais do que ele te irá dar, algum dia. – Articulou ele, de modo a seduzir.


− Eu amo-o, e por isso escolho a ele.


Empurrei-o, e depois dei-lhe uma estalada na cara. Ele pareceu ficar surpreendido, porque, a seguir, olhou-me com os olhos muito abertos. E devo ter-lhe batido com força, porque ele foi com a mão á cara, como se doesse.


— Nunca mais me voltes a falar, odeio-te. – Disse-lhe.


− Podes odiar-me, mas também me amas.


− Eu o quê?


− Tu amas-me. Porque o ódio é parte do amor.


− Não mereces resposta.


Virei-lhe as costas e comecei, a preparar-me para, me ir embora. Mas ele agarrou-me o braço, com força, e puxou-me de volta para ele. Os olhos dele estavam negros naquele momento, um negro puro como a noite. Estava furioso, eu sentia isso através da força que ele estava a fazer para me manter ali. Comecei a entrar no estado de pânico horroroso, e a estremecer de medo.


− Larga-me!


− Não! – Objetou ele. – Tu nunca serás dele, e se fores, não terão um final feliz.


− Monstro!


− Eu sei, por isso, porque não mostra-lo. – Disse ele, rindo-se. – Ouve-me com atenção. Não te atrevas a falar da nossa “conversinha” com ele, ou então alguma coisa poderá acontecer-lhe.


− Não te atreverias.


− Experimenta e verás.

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