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domingo, 27 de maio de 2012

Capítulo 10

O jardim por detrás da casa era diferente do jardim da frente. Este jardim tinha uma pequena casa no meio do lago, onde se podiam ver pratos e talheres de prata que brilhavam, devido ao sol. A pequena casa era cor de areia, com uma mesa e 6 cadeiras brancas, muito bem trabalhadas. Nos pilares da pequena casa, elevavam-se roseiras, com grandes rosas brancas e vermelhas, muito bonitas.
Fomos por um caminho de pedras quadradas, até ao meio do lago. Eu sentei-me numa das cadeiras, depois de colocar a minha mala no chão. Erik ficou de pé a olhar os cisnes que se enamoravam.
Levantei-me e fui ter com ele, pois não suportava aquele silêncio. Ele parecia perdido nos pensamentos, olhava para o vazio e não se mexia. Tinha as mãos juntas fechadas num punho, em cima do balcão da pequena casa.
Aproximei-me e coloquei as minhas mãos á volta das dele. Ele pareceu assustar-se, porque não esperava que eu fissese aquilo.
— Eu beijei o teu irmão, mas é a ti que eu amo. Percebido? – Disse-lhe eu.
Não faço ideia porque disse aquilo, mas aquilo que eu sei é que ele pareceu ficar mais feliz com aquele revelação.
Olhou-me com um brilho no olhar que dizia “ obrigada”. Fiquei feliz por ele estar feliz. De repente ele abraça-me, não o recusei, antes pelo contrário, abracei-o com toda a minha força. Antes que eu pudesse evitar comecei a chorar. Chorei tanto, mas tanto, que quando dei por isso, já a camisola dele estava molhada do meu choro.
— Desculpa, pelo que te fiz sofrer. – Disse-lhe eu, ainda a chorar.
— Não faz mal, tu não sabias. – Respondeu-me ele.
— Mas podia ter tentado saber.
Deixou de me abraçar um pouco, mas só o suficiente para me poder olhar. Os olhos dele eram como pedras preciosas, brilhavam tanto que até queimavam.
— Eu amo-te. – Disse-me ele.
— Tu o quê? – Perguntei-lhe eu, ainda meio parva com o que ele disse.
— Amo-te. Amo-te. Amo-te.
— Eu não acredito.
Quando disse esta frase, tive a sensação de um déjà vu. Eu tinha dito esta, mesma frase, no meu sonho.
— Mas é verdade. – Disse ele.
— Prova-mo. – Desafiei-o eu.
— Muito bem, queres provas. Aqui vão elas.
Dizendo isto beijou-me. Beijou-me com tamanha força e paixão, que até me estava a custar estar em pé. O sabor dos seus lábios era igual á cor que os seus lembravam, sabia a mel. Mas aquele mel era muito doce, quente e sólido. A certa altura achei que me ia empurrar até ao pilar e prender no seu abraço caloroso, entre ele e o pilar da pequena casa. Estava felicíssima.
Quando acabou o beijo, ele sorriu-me. O sorriso foi maravilhoso. Ficamos assim até ele me pegar pela mão e me levar para a parte mais longínqua do jardim.
Corremos para baixo de uma amendoeira, era muito grande e bonita, porque estava em flor. As pequenas flores cor-de-rosas, faziam-me lembrar algodão doce, fofinho e delicioso de apreciar.
Deitei-me na relva, de barriga para cima, ele deitou a cabeça em cima da minha barriga. Era bom estarmos assim depois de tudo o que tinha acontecido. Olhei para nos olhos e vi felicidade e muito amor, mas também dor e tristeza. Porque estaria ele triste? O que seria que lhe dói tanto?
— O que aconteceu no teu sonho? – Perguntou-me ele.
— Como? O quê?
— Eu perguntei-te o que é que aconteceu no teu sonho.
— Ah! O meu sonho…pois…o que é que aconteceu…
— Que se passa? Porque tens medo do mo contar?
— É que o sonho é um pouco real e um pouco ficção. E também é de doidos.
— Mas conta-mo na mesma. Quero ouvir, além já faz muito tempo que não ouço uma história.
— Muito bem. Eu sonhei que estava na tua casa com um vestido branco e que tu estavas nas escadas com umas calças pretas e uma camisa branca. Disseste-me quer era perigoso eu estar ali e que eu devia sair dali. Perguntei-te porquê. E tu respondeste-me porque tu eras um…um…um…
— Um quê?
— Vampiro. Disse-te que não podia ser possível porque tu eras a mais querida que existe e depois tu mostraste-me os caninos, muito bonitos já agora. Beijaste-me e fugiste logo a seguir escadas a cima, eu teimosa seguinte até á sala de música ou se baile, ou uma coisa qualquer assim parecida. Eu disse-te que não tinha medo de ti, e tu disseste-me que tinhas medo era: de ti próprio e de me matares. Eu teimosa disse que não me importava e tu acreditaste e aproximaste-te….
— E?
— Acabou. Não sei o resto porque a minha avó acordou-me antes disso. Parecia tão real, mas eu sei perfeitamente que era impossível sê-lo.
— E se fosse real? – Respondeu-me ele.
— Como assim?
— E se existissem vampiros na vida real, que farias? – Perguntou-me ele.
— Eu quereria ser um vampiro, para poder viver para sempre. Mas claro que só o faria se tivesse primeiro o amor da minha vida a meu lado.
— Então já encontras-te o amor da tua vida?
— Sim.
— A sério? Quem é ele?
— TU. – Respondi-lhe eu, enquanto sorria.
Inclinei-me ligeiramente para a frente e dei-lhe um beijinho nos lábios. Depois voltei a sorri-lhe com o meu melhor sorriso e ele retribuiu o sorriso. Enquanto sorriamos um para o outro, começaram a cair pequenas flores de amendoeira. E assim ficámos até vermos a mãe de Erik a chamar-nos para o lanche, estava mesmo há nossa frente.
— Erik Adrian que posturas são essas? – Perguntou a mãe dele.
— Mãe, não te preocupes isto é normal para nós, desde á 30 minutos.
— Como assim, meu querido? – Questionou novamente a mãe dele.
— Nós agora somos namorados. – Disse ele olhando para mim.
A mãe dele deu pulos de felicidade, abraçou-nos dois enquanto nos dava os parabéns por namorarmos. No fim de tudo isto foi andando, eu e ele ficamos para traz. Fomos devagarinho e de mão dada, como dois namorados completamente apaixonados.
Ainda estávamos perto da amendoeira, quando eu vi, exatamente, nos nossos antigos lugares um lobo e uma coruja.
Tanto o lobo como a coruja eram brancos, mas era um branco muito claro, como a neve. Os olhos do lobo eram de um castanho chocolate e os da coruja eram dourados como o caramelo. Era muito estranho, porque os dois animais habitam em climas frios, e aqui o clima era mais quente.
Estava para perguntar a Erik o que se estava a passar ali, quando reparei que tanto ele como a coruja estavam a olhar-se olhos nos olhos. Parecia que estavam hipnotizados um pelo outro, eram completamente arrepiante.
Deixei de olhar para ele, para depois olhar para o lobo branco. O olhar dele era fatal, era tão meigo e inocente, que me apetecia ir ter com ele. Nos seus olhos eu conseguia ver-me, como um se ouve-se um espelho no seu olhar, e também conseguia ver pequenas estrelas, como se tivesse ouro. Eu estava fascinada com tudo aquilo.

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