Cheguei á escola, estive uma surpresa. Erik estava ao portão com uma mão atrás das costas e outra a acenar-me. O que estaria atrás dele? Eu não faço ideia mas vou ter de descobrir. Depois lembrei-me do sonho, “Um vampiro, um nosferatu.”. Podia ser possível, isso explicaria como é que ele convenceu a prof, assim do nada. E também explicaria de onde é que veio toda aquela força e poder. Tentei olhar para trás das suas costas, mas era impossível. Ele era muito grande, até demais, pelo menos agora.
— Olá! O que tens atrás das costas?
— Uma coisa.
— Humm. Tanto mistério, o que é afinal.
— Uma prenda.
Devagar e elegantemente tirou o braço detrás dele, e mostrou-me na sua mão uma rosa. Uma rosa cor-de-sangue, ainda fechada, poderia ser uma simples rosa uma certas pessoas, para mim era especial. Brilhava como uma gota de sangue ao sol e era linda, uma rosa que para uma mulher significava muito. Pois era assim que em outras décadas se mostrava a uma mulher que a amava ou que a achava especial. Eu gostava de receber uma assim, um dia. São tão … românticas.
— Uau! É lindíssima.
— Toma, é para ti. – E entregou-me a rosa, aceitei-a, mas estava um pouco desconfiada. Porque haveria ele de me dar uma rosa? Será que me a deu por eu ser sua amiga? Ou será algo mais? Não, era mais por nós sermos amigos do que outra coisa. Mas nós só éramos amigos á 4/5 dias.
— Porque me ofereceste uma rosa? E como sabias que gostava deste tipo de rosas?
— Por te acho uma boa amiga e uma boa pessoa, não que as outras sejam, mas tu és diferente. És uma rapariga que foi cuidada segundo os costumes no tempo da tua avó, e isso é uma coisa rara. E sabia que gostavas deste tipo de rosas porque já me tinhas dito, e também porque és doce e quente, tal como a rosa.
Fiquei envergonhada e espantada ao mesmo tempo. Envergonhada, porque estava corada e porque ele fez-me sentir-me especial, algo que só sentia quando estava em casa. Espantada, porque maneira como disse, com carinho, paixão e sensualidade. Ele deve ter percebido como me sentia, pois se aproximou e me abraçou. Foi um abraço caloroso, amigável e reconfortante.
— Obrigada.
— Não tens de quê.
Afastou-se devagar, muito devagar, como se não quisesse deixar o meu abraço. Convidou-me a entrar na escola, com um gesto tradicionalmente cavalheiresco.
— Primeiro as senhoras.
Entrei na escola, como ele tinha pedido, e isso tinha-o feito sorrir, mostrando uns dentes brancos como a neve, mas quentes como o sol e uns lábios vermelhos macios, finos e sensuais, tal como tudo em ele era, quente, macio e sensual, tudo gritava: “ Olhem para mim! Olhem para mim!”.
Ele entrou logo a seguir a mim, trazia umas calças de ganga escuras, uma t-shirt branca, que lhe reflectia os músculos, e um casaco de cabedal preto, parecia uma estrela de cinema.
— ¿ Quê vá tener ahora? – Perguntou ele em espanhol, mas num espanhol prefeito, maravilhoso.
— Español. – Respondi-lhe logo, porque não queria parecer uma parva a olhar para o corpo bom dele. Mas acho que foi isso que acabou por acontecer, mas ele não se deve ter importado pois não disse nada.
— Vamos, faltam … 5 minutos para entrarmos.
— Ok. – Comecei a andar, pois não queria chegar atrasada.
— Olha, queria fazer uma pergunta.
Já estava quase a chegar ao bloco B, mas o “ Queria fazer uma pergunta. ”, fez-me parar. Que teria ele para me perguntar? Será que me vai pedir em namoro? Não. Ou será que queria dizer-me que já não queria ser meu amigo? Isso seria péssimo. Mas valia mais saber de uma vez o que era. Virei-me para traz e olhei-o. Olhei para aquele mar de mel, que ele tinha no olhar. Evitei olhar para o seu corpo, porque se olha-se ficaria corada e deixaria de respirar. E isso não podia acontecer. Não agora, talvez mais logo.
— Sim, pergunta. Força.
— Era mais um convite. Queria convidar-te para vires comigo, a minha casa para conheceres os meus pais e o meu irmão. Aceitas?
— Humm. Sim, claro. Mas uma única condição.
— Qual?
— Tens de vir até casa da minha avó para a conheceres e a avisares que eu vou contigo a tua casa.
— Está bem, feito.
Tocou, e nós subimos, quando lá chegamos a prof. ainda não tina chegado. A mala estava pesadíssima por isso eu e Erik fomos lá mete-la dentro. Mas enquanto, nós colocávamos as malas, alguém, por brincadeira ou estupidez, fechou-nos aos dois dentro da sala. De certa forma não era muito mau, fiquei com Erik e não com outro tonto da minha turma. A turma até que é fixe e brincalhona, por isso, afinal poderia me ter calhado qualquer um da turma não importava quem, pois toda a gente naquela turma era boa pessoa, mesmo aqueles que são mauzinhos.
Tenta-mos abri-la, mas nada. Como não podia-mos abri-la, fomos esperar sentados, para não nos passarmos da cabeça. Erik estava muito calmo, já eu não poderia dizer o mesmo. Estava fula, irritada, enervada, a minha vontade era abrir a estúpida daquela porta á mocada, ao murro e á estada. Depois comecei a ouvir vozes, gente a rir. E eu conhecia as vozes, eram as da nossa turma. Deviam estar a rir daquilo que nos fizeram, e isso irritou-me mais.
— Eu juro que dou uma tareia a toda a gente, que está lá fora, a rir-se de nós. – Disse eu já passada com tudo aquilo.
Levantei-me e comecei a andar de um lado para o outro, Erik olhava para mim sem dizer nada, mas podia dizer. Depois de uns minutos a andar assim, ele levanta-se e tenta acalmar-se.
— Têm calma, ou te acalmas ou vais enlouquecer. Não podes sair daqui, por isso acalma-te.
— Está bem.
Podia ter dito, “Está bem”, mas não estava nada bem. Estava a enervar-me com ele ali a ver, ainda por cima. Raios. Tentei sentar-me, mas não era capaz, pois estava muito chateada.
— Pára. Cristiana, chega. Acalma-te, e senta-te porque estar a ver-te de um lado para o outro está a dar comigo em louco, mais do que o normal.
Levantou-se e veio ter comigo e abraçou, com aqueles braços fortes que ele tinha. Coloquei os meus braços á sua volta também e abracei-o, levantei a cara para olha-lo, e vi. Vi os seus olhos brilharem de alegria, pareciam estrelas brilhantes numa linda noite estrelada. Maravilhoso. Magnifico.
Levou uma mão á minha cara e outra ao meu pescoço, eu coloquei uma mão em cada um dos seus ombros. Ele sorriu-me, não foi um sorriso qualquer, foi um sorriso de satisfação e felicidade, devolvi-lhe o sorriso. Então ele puxou mais para si, ficamos colados um ao outro.
Aproximou mais a sua cara da minha, depois aproximou os seus lábios e beijou-me. Foi um beijo forte, apaixonado, ardente, carinhoso e sensual. Sentia-me nos 7 céus, como se aquele beijo me tivesse oferecido assas para eu voar. Era isso que eu sentia, como se estivesse a voar.
Ele abriu os lábios e deixou passar a sua língua, por entre os meus lábios, acariciou-a. A acariciou mutuamente a minha, e isso deu origem um beijo ainda mais forte e faminto que o anterior. Juntámo-nos mais, eu não queria ficar por ali, e ao que me parecia ele também não. A mão dele tinha no meu pescoço desceu pelas minhas costas e só parou nas ancas, eu desci também uma das mãos até ao seu peito. Um peito forte e musculado, um peito de um campeão, de um lutador.
Há medida que o beijo ficava mais intenso, eu ia me derretendo mais por aquele corpo bom. Puxei a cabeça para traz, com o prazer que estava a ter. Ele começa a beijar-me o pescoço, para cima e para baixo. Tal com a sua mão na minha anca, subia e descia. A minha mão que estava no seu peito, também subia e desci-a. Havia em mim uma parte que queria parar, pois não um sítio apropriado, mas a outra parte queria mais, mais e mais. Encostei-me á mesa e sentei-me, ele veio atrás, mas agora tinha as suas duas mãos, uma em cada anca. Então abri as pernas para o deixar aproximar-se mais, depois meti as minhas mãos nas suas costas e puxei-o mais para mim.
— ¿ Pero qué sé está pasando aquí ? – perguntou a prof de espanhol, que estava espantada á porta da sala.
— ¡ Nada! – Respondemos eu e Erik num único.
— Então vamo-nos sentar, e para alguns desaproximarem-se primeiro, e depois vamos tomar atenção ao que vou falar convosco.
Não tinha percebido que eu e Erik ainda estava-mos juntos e abraçados um ao outro. Saímos dos braços um do outro e fomos nos sentar. O resto da aula não pensei noutra coisa, o beijo. A prof de espanhol, era de altura média, era rechonchuda, tinha cabelos castanhos aloirados, olhos castanhos e era a diversão total dentro de um pessoa.
A prof começou a falar, mas eu não tomei atenção nenhuma, pensava o quanto o beijo tinha sido bom, apaixonante e espectacular. Estava feliz. Mas depois lembrei-me, “Nada”, ele teria dito aquilo para me encobrir ou teria dito porque aquilo não significou nada para ele. Olhei para ele, á primeira vista, vi um rapaz bom com quem tinha andado aos meles e que parecia estar a pensar em alguma coisa ou em alguém, mas depois olhando melhor, ele estava estranhamente sossegado, como se fosse de pedra. Olhei novamente para a prof, não iria estragar tudo, só por causa de um “nada”. Agora a questão mistério: Por que teria ele me beijado?
Vamos às opções.
- Pânico.
- Medo.
- Calma.
- Amor.
- Amizade.
Eu acho que a opção correcta é … e). Porque não podia ser outra opção? Perguntão vocês, e eu darei um resposta para cada uma.
- Ele era uma pessoa calma, nunca entrava em pânico, mesmo quando toda a gente já entrara em pânico. Por isso nunca podia ser esta.
- Ele era corajoso e nunca o vi ter medo de alguma coisa. Não era esta a opção a tomar.
- Para se acalmar, mas já era uma pessoa calma de nascença. Não, nunca poderia ser esta opção.
- Que ele era uma pessoa amorosa era, mas nunca me beijaria por amor, seria loucura. Esta opção seria impossível.
- Ele era um excelente amigo, por isso era esta a poção mais conveniente. Um amigo que tinha ido ao ponto de beijar a melhor amiga, só para a acalmar.
Por isso, é que a opção correcta era a e). Tenho pena, que não seja a opção d), essa era maravilhoso se fosse realidade.
Quando voltei á realidade, é que percebi que tinha acabado de tocar para a saída. Arrumei as minhas coisas e preparei-me para sair, levantei-me e fui para a porta, mas sem dizer uma palavra a Erik.
Já estava perto da porta quando umas mãos quentes e macias me impediram. Por instinto olhei para traz, e as mãos quentes e macias que me agarravam eram as de Erik. Tinha no olhar preocupação e estava nervoso, algo que acontecia quando ele tinha que se desculpar de algo a alguém, mas não sabia como o fazer.
— Espera, precisamos falar. – Disse-me ele com calma.
— Falar sobre o quê. Não temos nada para falar.
— Temos sim, não aqui, talvez na biblioteca. Anda. – E levou-me para a biblioteca, sem me dar tempo de protestar.
Saímos do bloco B, atravessamos o espaço da escola e paramos no bloco D, para entrarmos na biblioteca. Na escola existem 4 blocos: A, B, C, e D.
O bloco A é composto por: as salas de música, a sala de EVT, a sala de EV, os laboratórios, as salas de aula e duas casas de banho (raparigas \ rapazes).
O bloco B tem a secretaria, a papelaria, a sala de reunião, as salas de professores, a sala da direcção, o concelho executivo, a sala de ET e as salas de aula.
O bloco é a cantina, que quase ninguém lá vai, e o bar, que é onde a maioria vai almoçar e tomar o pequeno-almoço.
O bloco D, que era onde eu estava, tinha o auditório, as salas de TC, as salas de laboratórios, a biblioteca e as salas de aula.
A escola também tinha um ginásio, campos de futebol, mesas de pingue-pongue e as mesas de comer cá fora, e agora matraquilhos.
Subimos as escadas, pois a biblioteca ficava no andar superior, fomos para o canto mais longínquo para ninguém poder ouvir ou nos vir incomodar. Sentámo-nos frente a frente, pois deve ser assim que as pessoas devem falar, não por detrás das costas. Por isso, quando tivermos um problema com alguém, não devemos pedir a outra pessoa para o dizer a essa pessoa, mas sim sermos nós próprios a dize-lo, cara a cara.
Ele estava cauteloso e nervoso, e eu podia sentir isso, não sabia como começar, se ele não sabia, eu ia dar-lhe uma ajuda.
— Disseste que tinhas de falar comigo, força fala. – Comecei eu.
Ele percebeu que eu estava ansiosa, ao que me agarrou as mãos e começou a brincar com os meus dedos, como sinal de tem calma. E tive, acalmei-me um pouco, mas ainda continuava ansiosa. Ele esperou mais, e depois olhou-me nos olhos.
— Queria pedir-te desculpas.
— Pelo quê?
— Pelo beijo. É que eu nunca me comportei assim, juro pela minha vida. Foi uma situação inesperada. – Baixou a cabeça com vergonha e arrependimento, estampados na cara.
Então ele nunca quis saber do beijo. Ele não estava feliz, nem contente com o beijo e tinha vergonha de o ter dado. Isso deu-me muito, no fundo do meu coração, eu achava que ele era sentimental, mas parece que me enganei. Estava tão triste, que só me apetecia era fugir dali, ir ter com alguém e desabafar. Lembrei-me logo da pessoa certa para isso. A Vanessa, a Nessie.
— Estás perdoado. – Disse-lhe eu enquanto me levantava para me ir embora. Erik levantou logo a cabeça com alegria, beijou-me as mãos, como forma de expressar a sua alegria.
— Obrigada, por me perdoares.
— Não tens de quê. Agora adeus.